“Para a Expogrande 2024 já há solicitações de agenda”, diz Presidente da Acrissul-MS

Expogrande
Foto: Nilson Figueiredo

Presidente da Acrissul-MS defende a realização de shows no parque, que já existia antes de haver moradores por perto

A 88ª Expogrande começa com a expectativa de ser a melhor feira agropecuária dos últimos anos. A realização de leilões, provas de julgamento e shows trazem a nostalgia do grande evento que já foi. A exposição de Campo Grande chegou a ser considerada a segunda maior do país, ficando atrás apenas para Expozebu, de Uberaba (MG). 

Em entrevista ao jornal O Estado, o presidente da Acrissul-MS, Guilherme Bumlai, disse que na edição de 2023 foram investidos R$ 500 mil em readequações do parque e gera uma perspectiva de R$ 100 milhões em comercialização, com vendas de estandes, ingressos e leilões. Em 11 dias de feira, serão 12 leilões de bovinos de corte e de elite, além de animais de raças sindi, gir leiteiro, quarto de milha, pantaneiro, crioulo e árabe. 

“Os leilões marcam a retomada do evento dentro do Parque de Exposições. Uma coisa muito bacana é que, para o ano que vem, já temos reservas de datas que ficaram vagas, neste ano. Então, para a Expogrande 2024 já tem solicitações de agenda para participação no próximo leilão”, afirma. 

Os shows terão que encerrar à meia-noite, conforme termo de compromisso feito com o Ministério Público Estadual. Bumlai disse que foi feita ampla divulgação para o público e artistas. 

“Não tem um valor de multa determinado. Mas, o não cumprimento pode gerar uma decisão judicial que impeça a realização do evento. Sendo assim, se o artista se atrasar ou se o artista não chegar, ele não vai tocar. Pois, depois da meia-noite, não terá show”, comunicou. 

Questionado sobre um novo parque para as exposições, o presidente é claro ao dizer que os novos moradores já sabiam da existência do parque. “É cristalino que quando os moradores vieram para cá já existia o Parque de Exposições. É algo que é realizado em 11 dias do ano, como uma festa tradicional e é preciso achar um equilíbrio”, destaca.

O Estado: Para a edição de 2023, podemos marcar o renascimento da Expogrande, com a volta de grandes negócios e de multidão em shows? O que se espera de faturamento? 

Guilherme Bumlai: Essa é a nossa expectativa, diante de tudo que já está montado aqui e diante de todos os comentários que temos escutado, na sociedade. Então, há uma expectativa muito grande e eu tenho certeza que a Expogrande 2023 vai ser essa retomada. Neste ano, a Expogrande 2023 tem a expectativa de movimentar mais de R$ 100 milhões com leilões, comercialização de estandes e vendas de ingressos dos shows, e receber mais de 100 mil pessoas, nos 11 dias de evento. 

O Estado: Quais as novidades que a feira traz? 

Guilherme Bumlai: A novidade deste ano é a volta da Barraca da Veterinária, que terá programação fechada com shows regionais, espetinho e comidas típicas. Com mais de 60 estandes e expositores de animais. Além disso, a Fazendinha também terá espaço próprio. Crianças poderão ver mais de dez espécies de animais, com brincadeiras lúdicas para que elas conheçam sobre o meio rural. 

Tudo isso é para mostrar para as crianças o meio rural e começar, desde cedo, a garantir essa visão da importância da agropecuária. Será realizado um circuito de palestras bastante robusto, com palestrantes de renome nacional, que irá acontecer todos os dias, no período da manhã e à tarde, com a agenda completa de diversos segmentos dentro do setor do agronegócio, que são sustentabilidade, carbono zero, do mercado, entre outros.

O Estado: O Parque de Exposições Laucídio Coelho precisou passar por reforma. O que mudou? 

Guilherme Bumlai: A Acrissul-MS (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) investiu R$ 500 mil na reforma da estrutura do local. Foram feitas algumas demolições de prédios muito antigos, em que foi construído uma área totalmente nova, para food trucks. Fizemos a renovação do pavilhão do fazendeiro, onde foi feita toda a revitalização da parte de banheiros, fechamentos para ar-condicionado. Toda a pintura do parque e dos muros externos. Em cinco meses, foi feito também todo o projeto de acessibilidade e o parque está 100% acessível. Foi feita uma pista exclusiva nas vias para as pessoas em cadeira de rodas e todos os pontos de acessibilidade foram cumpridos, conforme a legislação. Neste período, foi realizada uma reforma elétrica e hidráulica, em que todas as luzes do parque estão com 100% de LED. E, durante a exposição, será inaugurado o novo pavilhão de bovinos.

O Estado: Os leilões são as principais atrações? 

Guilherme Bumlai: Durante os 11 dias de feira, serão 12 leilões de bovinos de corte e de elite, além de equinos. Serão bovinos das raças nelore, sindi, gir leiteiro e girolando, e equinos das raças quarto de milha, pantaneiro, crioulo e árabe. Todos vão participar de provas, julgamentos e exposição da raça. Vale destacar que os leilões marcam a retomada do evento dentro do Parque de Exposições. Uma coisa muito bacana é que, para o ano que vem, já temos reservas de datas que ficaram vagas, neste ano. Então, para a Expogrande 2024 já há solicitações de agenda, para a participação do próximo leilão. 

O Estado: Os shows serão encerrados antes da meia-noite? É possível obter isso? 

Guilherme Bumlai: Os shows irão encerrar neste horário. Não terá qualquer tipo de atraso, para que implique no encerramento do horário de show. Os artistas já estão cientes disso e é obrigação da associação, pois é por conta de uma decisão judicial, que não será descumprida. 

Não tem um valor de multa determinado. Mas, o não cumprimento pode gerar uma decisão judicial, que impeça a realização do evento. Sendo assim, se o artista se atrasar ou se o artista não chegar, ele não vai tocar, pois, depois da meia-noite, não terá show. A decisão é minha e já tem uma pessoa que estará controlando isso, para que, realmente, quando for meia-noite, desligue o que tiver que ser desligado no evento. 

O Estado: Devido a essa série de exigências, cobradas pelo Ministério Público, fica viável a realização de grandes eventos? 

Guilherme Bumlai: Essa história se arrasta a muito tempo. Posso dizer que, de todas as exigências que tinham na documentação, a única que não foi cumprida (e olha que eram muitas) foi a questão do projeto acústico. Isso não foi cumprido, pois o projeto custou mais de R$ 15 milhões, o que torna, para a Acrissul-MS, uma coisa inviável. 

Estamos relatando isso para o Judiciário, no qual constou uma cláusula que é impossível de ser feita e estamos pedindo revisão. Porque, todos os outros itens do processo foram realizados. Até o momento, eles não deram uma resposta e, agora, está a cargo do poder Judiciário, que está em fase de discussão e estamos trabalhando nesse assunto.  

O Estado: A Acrissul tem planos para a construção de um novo parque? 

Guilherme Bumlai: Esse tema é recorrente, mas precisamos que essa discussão seja mais ampla. Pois, é óbvio que tivemos algumas mudanças em nosso entorno, como alguns prédios que não existiam antigamente, como a nossa vizinhança. 

Porém, também é cristalino que quando os moradores vieram para cá já existia o Parque de Exposições. É algo que é realizado em 11 dias do ano, como uma festa tradicional e é preciso achar um equilíbrio. 

Neste momento, estamos entendendo que terminar o show meia-noite é esse ponto de equilíbrio, que possa cumprir os anseios da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul e da vizinhança. Porque tirar o parque e levar ele para mais distante do centro da cidade significa maior dificuldade para a população. Então, tudo isso precisa ser bastante debatido e estudado. 

Lógico que também entendemos que é preciso que o parque passe por uma modernização e estamos analisando, para saber se essa reforma acontece aqui ou em um novo espaço. 

E, com o espaço, poderemos fazer a integração de lavoura e pecuária e demonstrar isso, como é feito na feira. Além disso, teríamos um espaço para plantações, dinâmicas e fazer a união da agricultura, dentro do período de exposição.

O Estado: A Expogrande já chegou a ser a segunda maior exposição do país. O que foi feito de errado, no passado? 

Guilherme Bumlai: Não diria que foi um erro. As exposições mudaram muito o conceito e elas vêm sofrendo mudanças. Antigamente, você tinha mais animais de argola e isso em diversas raças foi se transformando em animais de números. Antes, você olhava o que o animal tinha por fora, o fenótipo e hoje tem a parte de números que influenciam muito a parte de genótipo. 

Esses animais, não necessariamente, são animais de cabresto, nós iremos ter, na exposição, quatro pavilhões de animais que não são de cabresto e que eles vão estar em sua baia e nós fizemos a adaptação nos pavilhões, para poder receber os animais. Eles não são tão mansos, pois não há essa necessidade. 

Mas, é isso que vem sendo trabalhado, ao longo do tempo. Temos que fazer essa adaptação, para que possamos, cada vez mais, receber esse tipo de amostra, que é o que o mercado vem trabalhando.  

O Estado: Após a retomada da exportação de carne para China, quais as expectativas do setor? 

Guilherme Bumlai: A expectativa é que haja um aumento no valor da arroba, para que o produtor possa ser remunerado. Uma vez que os preços estavam sendo praticados, não compensava a atividade. 

Estamos com a expectativa no aumento da demanda e, consequentemente, um aumento do preço pago para o produtor. Já estamos vivendo uma curva de ascensão no valor da arroba e esperamos que ela continue, pelos próximos dias. O valor da arroba não estava dando retorno quando chegamos a praticar a arroba no valor de R$ 330 e caiu para R$ 260, no entanto, os insumos tiveram um aumento no preço, como sal, maquinário, entre outros. 

Tudo que é utilizado para a produção apenas aumentou e o nosso produto teve redução no preço. Então, esperamos que haja um equilíbrio, para que tenhamos ânimo para trabalhar.

O Estado: Podemos sonhar com o quilo da carne mais barato na mesa dos brasileiros? 

Guilherme Bumlai: Existe uma grande diferença da arroba do boi para o produtor e do valor do quilo da carne que é vendido no comércio. Um exemplo: no mês de janeiro, a arroba paga para o produtor estava R$ 265, mas o paralelo com o quilo da carne para o consumidor representava R$ 315 a R$ 320. Então, não existe um casamento entre o valor do produtor e o valor da carne. Essa diferença está ficando no meio do caminho para o comerciante.

É preciso que o consumidor faça o trabalho de pesquisa, que ele compre a carne de menor preço, para que haja uma competitividade entre os mercados e dos açougues, para que eles possam abaixar o preço. Pois, eles têm margem para isso e é esta a nossa busca, enquanto produtores e criadores. 

Para que o preço ao consumidor tenha uma redução, que eles diminuam essa margem que irá aumentar o consumo e, em seguida, irá acabar aumentando a compra do animal. E, aumentando a compra do animal, acaba aumentando o preço para o produtor rural. 

O Estado: Qual a sua opinião sobre os 100 dias do governo Lula? 

Guilherme Bumlai: Vou falar sobre a área rural e nisso está sendo muito preocupante tudo o que estamos assistindo, ao longo dos primeiros 100 dias. Estou me referindo às invasões de terra, em que estávamos vivendo um momento de tranquilidade. Não havia mais isso e começou novamente, as movimentações do Movimento Sem-Terra, na beira das rodovias e enxergamos isso com grande preocupação. 

Pois, entendemos que o direito à propriedade é intransigível e, ao mesmo tempo, entendemos que não há mais espaço para, no ano de 2023, ter invasão, seja ela em prédios públicos, como ocorreu no dia 8 de janeiro, em Brasília (DF), ou nas propriedade particulares. É preciso que as autoridades proíbam isso com energia e que prendam os responsáveis, pois invadir propriedade é crime. 

Outro ponto bastante preocupante também é a questão das invasões indígenas, que voltaram a acontecer. É preciso adotar a solução para um problema que se arrasta por anos. São mais de 100 propriedades invadidas em Mato Grosso do Sul, então, é preciso que o governo federal pague um valor justo para os proprietários que tiveram as terras invadidas, para que tenhamos paz. 

Sendo assim, neste 100 dias de governo, tivemos grandes problemas nesses dois assuntos. Espero que as soluções possam ser construídas no diálogo, sem invasões de terras e indenizando o produtor rural, se possível.

Por Marina Romualdo  – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul

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