Segmento de máquinas agrícolas em MS acompanha cenário nacional e estima recuo nas vendas

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Associação dos Fabricantes de Veículos projeta redução de até 3,5%, na comparação com 2022

Com indicação de queda nas vendas de máquinas agrícolas para 2023, Mato Grosso do Sul segue o cenário nacional e projeta recuo no volume de vendas. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a retração é de 3,5%, no comparativo com o ano anterior.

Atuante no agronegócio há 39 anos, Rosiclea Medeiros,59, é gerente comercial da Comak Tratores, em Campo Grande e faz uma análise sobre o mercado com base em sua experiência no segmento, indicando que, neste primeiro trimestre de 2023, já pôde ser observado queda nas vendas de máquinas agrícolas.

“Em comparação com os últimos dois anos houve, sim, uma redução nos volumes de negócios. Acredito que muitos são os fatores que podem motivar a situação. Contudo, o momento econômico e político do país é um deles, gerando incertezas para os produtores”, comentou a gestora do grupo Comak.

Sobre 2022, ela ressalta que, tendo em vista o planejamento estratégico do grupo, o ano foi promissor, trazendo bons números. “Superamos as expectativas, tendo um ano bom, mesmo diante das altas taxas de juros do mercado e a falta de verba. Nesses últimos anos, estamos tendo bem menos investimentos e isso interfere nos resultados”, detalha.

O mercado habitualmente projeta ganhos maiores a cada ano, sendo que neste não foi diferente para o setor de máquinas e implementos agrícolas, em Mato Grosso do Sul. Sobretudo, vale destacar que, mesmo com estimativa de queda para este ano, especialistas afirmam que o cenário é positivo para o setor, no país.

Como exemplo de expectativas positivas, o executivo Eduardo Kerbauy, vice-presidente da New Holland para a América Latina, fez uma análise, em entrevista à “Folhapress”. “Se for -3% ou 0%, naquela faixa ali, o que foi ano passado? Foi um ano muito bom. A variação que tem em relação ao ano passado é pouca, essa é a leitura que eu faço. E o ano passado foi interessante”, destacou Kerbauy.

Ele ainda afirma que, na parte agronômica, não há dúvidas sobre como será o ano, com preocupações climáticas envolvendo Argentina, Uruguai e parte do Rio Grande do Sul, com previsão de safra recorde, no país.

Corroborando, Rosiclea Medeiros lembra que ainda há vários quesitos a se discorrer, para que seja feita uma análise mais completa, citando novamente a economia e, em MS, a colheita que ainda não se encerrou.

“Tivemos uma colheita complicada esse ano, devido às chuvas. O nosso plano agrícola só é lançado em junho e aí tivemos que ver que taxa de juros irão correr, que tipos de financiamento vamos ter”, concluiu ela, frisando que as expectativas estão em aberto.

Nacional

A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) projetou vendas de 65 mil máquinas em 2023, ante as 67.385 mil comercializadas em 2022 – crescimento de 19,4%, em relação às 56.418 mil unidades vendidas, em 2021.
Já o balanço da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) apontou que o volume de vendas de máquinas agrícolas recuou 1,4% em novembro de 2022, na comparação com o mesmo período de 2021.

Conforme dados da federação, foram entregues 5,2 mil tratores e colheitadeiras durante todo o mês, o que resultou em 22% de queda, quando comparado com o mês anterior. Todavia, levando em conta os números de 2022, as vendas de maquinários agrícolas somaram 61,2 mil unidades, com alta de 16,2%, em relação ao mesmo período de 2021.

Por fim, a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) divulgou apontamento que, em janeiro deste ano, as vendas caíram 30%, ao comparar com o mesmo mês de 2022. Dado que se consolidou como a primeira queda, desde 2016.

Produtor

Joelson Gonçalves de Aquino, 57 , trabalha na terra desde pequeno. Acostumado a viver no campo, é dono de uma pequena chácara, onde produz grãos e hortaliças. Pequeno produtor, no último ano viu sua produção mudar, quando decidiu investir em equipamentos agrícolas e assim otimizar os ganhos.

“Meu instrumento sempre foram as mãos e sempre achei que essas máquinas grandonas e bonitas fossem somente para os grandes produtores. Depois do acompanhamento e aconselhamento que tive de um profissional, vi que também podia ser grande. Financiei um trator e hoje estou aí, produzindo muito mais”, detalhou o agricultor.

Gonçalves pontua que a tecnologia tem sido uma grande aliada para suas conquistas no campo e espera, em breve, poder crescer ainda mais e, quem sabe, comprar outras máquinas. “Espero que o governo se organize logo, para a gente também poder fazer isso”, concluiu.

AGRISHOW: aumento de lavouras no CentroOeste pode contribuir com expansão de vendas

Uma das maiores feiras agrícolas do Brasil, o lançamento da Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação) chega aquecendo o mercado agropecuário. Com destaque para o crescimento de lavouras na região Centro-Oeste, a capitalização dos produtores pode bater recorde, em 2023.

De acordo com a “Folhapress”, a Agrishow foi apresentada com otimismo na última quarta-feira (5), em Ribeirão Preto. A feira está em sua 28ª edição e acontecerá entre os dias 1º e 5 de maio e projeta vender mais de R$ 11,2 bilhões em máquinas.

A Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), uma das organizadoras, sugeriu ao governo a liberação de R$ 45 bilhões no Plano Safra, para dar robustez no próximo ciclo agrícola, e afirma que o problema do setor não está nos agricultores, que estão capitalizados.

“O mercado está muito diferente entre o pequeno e o grande agricultor, pois o grande agricultor tem comprado. A gente imagina que eles vão aumentar a área mais uma vez e, para aumentar a área, precisam comprar máquinas. Como o aumento de área é mais no Centro-Oeste, e são grandes máquinas que eles precisam, o mercado continua comprando”, disse Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, em entrevista à “Folhapress”.

Segundo ele, a proposta de R$ 45 bilhões foi feita após o governo ter pedido sugestões. Do total, R$ 34 bilhões seriam para o Moderfrota (para modernização da frota de tratores e máquinas) e os outros R$ 11 bilhões iriam para o Pronaf (Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar).

“Esse seria o melhor dos mundos. No ano passado, o setor faturou R$ 90 bilhões, sendo R$ 10 bilhões para exportações e R$ 80 bilhões para o mercado interno. Então, R$ 45 bilhões é praticamente metade do faturamento do setor, achamos o suficiente para ter um Plano Safra muito robusto”, disse.

O vice-presidente da Abimaq, João Carlos Marchesan, disse que o faturamento da Agrishow é importante, mas não relevante, pelo fato de a feira ser “sempre um sucesso”. Depois de atingir R$ 2,9 bilhões em 2019 (R$ 3,68 bilhões, corrigidos pelo IPCA) e R$ 11,24 bilhões na retomada, em 2022 (R$ 11,68 bilhões, atualizados), a projeção dos participantes é que o volume de vendas do ano passado seja ultrapassado.

Por Evelyn Thamaris – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul

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