‘A justiça precisa ser feita’, diz filho de empresário, morto no Procon

Morte no Procon
Foto: Mylena Friaha/ Arquivo

Foi marcada para acontecer no dia 9 de maio, às 13h30, a 1ª audiência para tratar sobre assassinato do empresário Antônio Caetano, de 67 anos, proprietário da empresa Aliança Só Hilux, morto com três tiros na cabeça, em fevereiro deste ano, durante uma audiência de conciliação do Procon. A chamada audiência de instrução e julgamento vai ouvir as testemunhas do caso, para seguir adiante com o julgamento.

A reportagem do jornal O Estado ouviu o filho do empresário, Wagner Caetano, sobre as expectativas para o futuro do caso, após essa audiência e, ainda, quais são os sentimentos, passados quase dois meses do crime. Na ocasião, Wagner ressaltou que espera que a justiça seja feita, e que, se tudo correr bem, a decisão será finalizada apenas no segundo semestre de 2024.

“Eu fui escolhido pela família para representar o meu pai nesse caso, porque não é fácil e exige muito do emocional de alguém e, conforme o advogado, se tudo der certo, no segundo semestre do ano que vem teremos a decisão. Eu estarei presente na audiência e espero que a justiça seja feita”, salientou.

Durante a entrevista, o filho, que também é empresário, afirmou que, no seu ponto de vista, o crime foi premeditado. “Nos autos do processo, consta morte por motivo torpe e sem direito de defesa da vítima por meio de emboscada, então, não sou nem eu que estou dizendo, é o que está no boletim de ocorrência. Hoje, é normal um

criminoso passar por uma audiência de custódia e sair pela porta da frente e eu não quero que isso aconteça. Ele alega que tem problemas psicológicos, mas, até quando vão usar isso para justificar tirar a vida de alguém?”, disse.

Além disso, o empresário ressaltou que ele e a família, que é formada por mais três irmãos e a madrasta, esperam que o réu seja condenado a pena máxima do Código Penal, de 40 anos. 

“Se ele cumprir um terço da pena em regime fechado, ficará preso por uns 13 anos e, se tiver bom comportamento, estará em liberdade em menos tempo, ou seja, em mais ou menos 6 ou 7 anos.”

Wagner ainda comentou sobre o pedido de liberdade que foi impetrado pela defesa do réu José Roberto, que é policial militar reformado, mas negado pela Justiça. Na opinião do filho, o policial representa risco para a sociedade. “Ele se defende no argumento de que tem problemas psicológicos e que estava descontrolado no momento, mas, se isso for aceito pela Justiça, até quando teremos pessoas cometendo crimes? Esse é o tipo e pessoa que, se ele está no trânsito e alguém buzina para ele, ele pode dar um tiro. Além disso, minha família trabalha aqui, de porta aberta e ele é um risco para nós”, afirmou.

Na oportunidade, o rapaz questionou a segurança da Procon – (Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor). “Eu nunca tinha ido lá antes do acontecimento, e quando fui, eu percebi que é um ambiente pequeno, sem detector de metais e sem policiais preparados, porque aquele homem matou meu pai e saiu de lá como se nada tivesse acontecido. Se ele estivesse descontrolado, poderia fazer uma chacina ali

dentro”.

Abalado, o filho lembrou como recebeu a notícia da morte do pai. “Eu estava em outra empresa pela manhã, quando meu tio me ligou e disse o que tinha acontecido e eu não quisacreditar porque nem sabia que meu pai estava na Procon, não sabia do caso. Quando cheguei lá e me deparei com a cena, fiquei desesperado, não sabia como reagir, foi horrível”, contou.

Wagner ainda disse que a vida de seu pai foi ceifada antes do tempo, por um motivo fútil. “Meu pai era uma pessoa de bem, enchia o carro de presentes no Dia das Crianças e ia distribuir para crianças carentes, até título de Cidadão Campo-Grandense já tinha recebido. Não posso dizer mais quantos anos ele tinha pela frente, mas, com certeza, a partida dele foi antecipada e quem fez isso precisa pagar.” 

Sobre o sentimento que carrega pelo responsável do crime, Wagner Caetano disse que tem mágoa, mas que não quer deixar a raiva aflorar. “Tenho mágoa, é claro! Mas espero que a Justiça seja feita, para que, pelo menos, possamos dormir tranquilos com a consciência, de que lutamos pelo meu pai”, afirmou.

 

RELEMBRE O CASO

Na manhã do dia 13 de fevereiro, o subtenente aposentado matou a tiros o empresário Antônio Caetano, durante audiência de conciliação do Procon. A discussão, que acarretou o homicídio, se deu por conta da garantia do motor de uma camionete, no valor de R$ 630. Funcionários de Caetano contaram que o desentendimento ocorria há alguns dias.

O autor dos disparos, José Roberto de Souza, foi reformado do quadro da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) em 2015, por “incapacidade definitiva”, decorrente de problemas psicológicos. Com isso, o militar teve que entregar a arma funcional e perdeu o porte de arma de fogo. 

 

Por Tamires Santana– Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul

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