Abril Indígena marca luta por visibilidade dos povos originários em aldeias urbanas de Campo Grande

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Durante o chamado Abril Indígena, diferentes povos organizam uma série de ações de mobilização pelos direitos dos povos tradicionais. Mato Grosso do Sul possui a segunda maior população indígena do país, com 39 terras indígenas e mais de 77 mil indígenas. Na Capital, vivem cerca de 21 mil indígenas em aldeias urbanas. Ao longo deste mês, será promovida uma série de atividades, no intuito de dar visibilidade e assegurar a garantia dos direitos indígenas.

De acordo com o presidente do CMDDI (Conselho Municipal de Direitos e Defesa dos Povos Indígenas de Campo Grande/MS), Auder Romeiro, após dois anos de comemorações interrompidas, devido à pandemia da covid-19, os indígenas de Campo Grande vão celebrar a vida e reforçar a luta por mais espaços.

“A gente vem tentando fazer parte também da política pública. Fazer essas políticas acontecerem, dentro das nossas aldeias. Neste mês, gostaríamos de chamar um pouco a atenção do poder público, para que nos enxergue não somente no Abril Indígena, mas ao longo de todo o ano”, reforçou o presidente indígena.

Ainda segundo o conselheiro que vive na aldeia Água Bonita, as populações indígenas das aldeias urbanas possuem muitas demandas e o diálogo com o poder público se torna essencial, para entender o que realmente necessitam.

“O Conselho Municipal de Direito Indígena solicita a publicação dos novos conselheiros, dos novos componentes. Isso é importante para continuar a luta. Que a prefeitura faça as publicações no Diário Oficial do município.

As aldeias estão precisando de políticas públicas, de mais diálogo. Ainda mais agora, com a criação do Ministério dos Povos Indígenas, queremos saber como vai funcionar este canal de comunicação”, acrescentou a liderança indígena.

Já no cenário nacional, a presidente da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), Joenia Wapichana, reivindicou que o orçamento da fundação é insuficiente e que é preciso buscar alternativas para o fortalecimentob do órgão e o cumprimento da sua missão institucional. “A

Funai está de volta. Esta é uma responsabilidade compartilhada com os servidores. A mudança vem do trabalho conjunto. Ninguém faz nada sozinho. Estamos na expectativa de vários anúncios do governo federal ainda no mês de abril”, apontou.

Por sua vez, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, reforçou que está trabalhando de forma articulada com os outros setores do governo federal, a fim de avançar, por exemplo, nos processos de demarcação e no combate ao garimpo ilegal, em terras indígenas. Segundo a ministra, o pedido de retirada de tramitação do projeto de lei 191/2020, da Câmara dos

Deputados, foi um passo importantíssimo para a garantia dos direitos dos indígenas. “Toda luta vale a pena, quando a gente luta por direitos, por respeito, por justiça.

O MPI e a Funai trabalham juntos. Nós não somos concorrentes. Estamos aqui para fortalecer a Funai, valorizar os servidores e para articular ações, para que a gente possa trabalhar, sempre de forma compartilhada“, afirmou.

Nossa equipe de reportagem questionou a prefeitura municipal e o governo do Estado, sobre o apoio à população indígena e também sobre a nomeação dos conselheiros.

Porém, até o fechamento desta matéria, não tivemos retorno.

 

Abertura das celebrações

No último domingo (2), foi realizada a abertura do Abril Indígena, no pátio da igreja indígena Uniedas, em Campo Grande. Há 45 anos nesta cidade, a igreja faz um trabalho assistencial voluntário, abrigando muitos indígenas que vieram de suas terras tradicionais para a Capital. Mais do que uma celebração, o presidente do CMDDI (Conselho Municipal de Direitos e Defesa dos Povos Indígenas de Campo

Grande/MS), Auder Romeiro, reforçou que o Abril Indígena representa um marco no calendário, para a reflexão e construção de políticas públicas eficazes.

O evento foi realizado pelo CMDDI, que completa 18 anos de criação em 2023, com apoio de órgãos públicos. “Ressalto que o CMDDI completa 18 anos com muita luta e suor no seu dia a dia e parabenizo a todos pela luta pelos direitos e respeitando seus deveres, nesta capital”, destacou o presidente do Conselho.

Por fim, foram homenageadas a Associação Inamaty Kuxoneti e a Uniedas, pelo trabalho que fazem diante do realizado em suas comunidades indígenas.

Além da apresentação de um desfile nos trajes típicos, comidas típicas, música e outas atividades culturais.

 

Por Suelen Morales– Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul

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