O QUE É SINDROME DE SJÖGREN?
A síndrome de Sjögren é uma doença que afeta em torno de 2% da população, de natureza autoimune e inflamatória, que atinge as glândulas que excretam as suas secreções para a superfície do corpo ou para dentro da cavidade de um órgão. Por exemplo, as glândulas sudoríparas (suor), salivares e lacrimais.
O acometimento dessas glândulas acarreta, mais frequentemente, a secura da boca e olhos. Porém, pode acometer outras glândulas, como as do intestino, do aparelho respiratório e dos rins, por exemplo.
As mulheres são nove vezes mais acometidas que os homens, com maior incidência acima dos 40 anos de idade.
TODA BOCA SECA E OLHOS SECOS SÃO DECORRENTES DA SÍNDROME DE SJÖGREN?
Não. Essas manifestações de secura podem ser ocasionadas pelo uso de algumas medicações (calmantes, antidepressivos, anti-hipertensivos, medicações para alergia e diuréticos), em pacientes idosos ou após radioterapia. Algumas doenças infecciosas, como a hepatite C e o HIV, também podem ser a causa. Esses casos são considerados como síndrome seca e devem ser diferenciados da síndrome de Sjögren.
QUAIS OS SINTOMAS DA SÍNDROME DE SJÖGREN?
A intensidade dos sintomas e as várias manifestações clínicas variam, para cada paciente. Assim, tem pacientes que apresentam sintomas como boca, olhos, e pele seca, com dor nas articulações e aqueles que apresentam acometimento de outros órgãos, como sistema respiratório (tosse seca crônica), aumento do volume das glândulas salivares (parótidas e submandibulares), secura vaginal, acometimento renal, fadiga, lesões cutâneas como se fosse alergia, entre outras.
Devemos considerar que a deficiência ou falta das secreções levam a danos severos e progressivos do organismo. Por exemplo, o déficit da saliva aumenta o número de cáries dentárias, a diminuição da secreção da lágrima, acarreta lesão da córnea, com prejuízo da visão, entre outros.
No sistema nervoso periférico, pode ocorrer lesão dos nervos dos membros e o indivíduo apresentar queimação, dor e perda da sensibilidade, no local. No cérebro (sistema nervoso central), pode levar a lesões dos vasos e das células nervosas, acarretando confusão mental, convulsões, alterações dos movimentos etc.
Na forma clínica sistêmica, alterações dos exames laboratoriais são encontradas, como anemia, aumento da produção de imunoglobulinas (anticorpos), presença de autoanticorpos contra estruturas celulares (FAN) e outros.
COMO É FEITO OO DIAGNÓSTICO?
O médico com treinamento profissional para fazer o diagnóstico corretamente e propor o tratamento é o reumatologista, que à luz das informações colhidas das queixas do paciente, após avaliação do exame físico e solicitação de exames, fará a identificação do quadro, considerando todos os diagnósticos diferenciais.
Os exames solicitados, que possam confirmar a presença da síndrome de Sjögren, incluem a avaliação oftalmológica com a realização de testes específicos para olho seco, a análise do fluxo salivar e biópsia de glândulas salivares.
Os exames de sangue têm grande auxílio no diagnóstico, por meio da presença da anemia, presença dos autoanticorpos.
Exames de imagem, como ultrassom das glândulas salivares e tomografia do tórax são de grande utilidade.
COMO TRATAR?
O tratamento deve ser instituído com base no quadro clínico que o paciente apresenta. O uso de lubrificantes oculares, a ingestão de bastante líquido diariamente, o cuidado com a higiene bucal, uso de saliva artificial ou estimuladores da salivação, são recomendados para olhos e boca secos.
O uso de lubrificantes vaginais e de cremes hidrantes para pele é indicado. Para as dores articulares, o uso de anti-inflamatórios e medicações imunossupressoras podem ser utilizados. Para o acometimento mais intenso da pele e dos órgãos internos, recomenda-se o uso de imunossupressores e corticoides.
A realização de exercícios físicos ajuda a melhorar a fadiga, as articulações, músculos e sistema cardiopulmonar.
É importante procurar o médico, nos primeiros sinais de boca e olhos secos!
E-mail: [email protected]. Site: www.institutoreumato.com.br.
Professor titular da Famed da UFMS, professor do curso de pós-graduação de Saúde e Desenvolvimento do Centro-Oeste, da UFMS; coordenador do programa de residência médica em reumatologia, do Humap/Ebserh/UFMS; titular da cadeira 23, da Academia Brasileira de Reumatologia
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