O Deputado Estadual responsável pela Audiência Pública com o tema: “Violência Contra a Mulher e Feminicídio no MS – A Urgência do Combate à Misoginia”, nesta quinta-feira (30), abriu a sessão ao lado da presença da Ministra da Mulher, Cida Golçalves.
Para Pedro, alguns motivos foram impactantes para a organização da audiência. O primeiro é a redução no orçamento de políticas públicas de enfrentamento a violência contra mulheres, que comprometeu os serviços de acolhimento, como a restrição de horários. Além disso, a relação com a ação politica de movimento ultraconservadores. “Nós temos que enfrentar essa cultura machista patriarcal.”
A Ministra natural de Mato Grosso do Sul deu a voz em seguida no plenário e afirmou a importância dessa primeira, de muitas outras audiências que fará pelo Brasil. Cida avalia que o o motivo pelo qual MS aparece como um dos estados mais violentos contra mulheres do Brasil, é o fato de que no estado sul-mato-grossense existem protocolos de investigação e julgamento.
“Em MS é tipificado o crime de feminicídio, enquanto muitos estados não tipificam, por isso eles estão lá em baixo. Não é possível que São Paulo seja o 26º estado com mais feminicídio, enquanto MS é o 2º”, acredita.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ao longo de 2022, mostra que 28% das mulheres relatam terem sido de vítimas de algum tipo de violência ou agressão, ou seja, 18.600 milhões de mulheres. Em 2023, a cada 6h uma mulher é vítima de feminicídio no Brasil.
“Cerca de 45% das mulheres não enfrentaram a situação de violência. Dentre aquelas que afirmam procurar ajuda de alguma pessoa ou organização, a família aparece com mais frequência (17,3%), em sequência os amigos, com 15% das respostas”, cita a ministra.
Quando as mulheres buscam serviços da rede, a maioria (27,5%) procura a polícia especializada em violência contra mulheres, 14% buscam as delegacias comuns, enquanto 8,5% vão atrás da Polícia Militar e o 190. “Isso mostra o descrédito que as mulheres tem do serviço publico.”
Misoginia
Conforme a ministra, a misoginia tem sido discutida principalmente no contexto das plataformas digitais. “Embora o termo ainda careça de uma definição mais exata, em geral, é usada para se referir a aversão, menosprezo e ódio as mulheres.”
“A misoginia esta entre os crimes de ódio que tiveram mais aumento de denúncia de 2022, que registrou um aumento de 251%, em relação a 2021”, cita a ministra.
“Em debates que faço com AGU (Advocacia-Geral da União), vi que é necessária uma análise aprofundada sobre a violência na internet e a machosfera.” – resposta contrária ao feminismo e o aumento dos grupos masculinistas chegou à internet por meio de fóruns anônimos.
Hoje, a machosfera se tornou a disseminação de discursos misóginos, ou seja, de ódio e aversão às mulheres nas redes. “Se não enfrestarmos isso hoje, as mulheres perderão a coragem de saírem candidatas a prefeituras e outros cargos públicos nas eleições do próximo ano.”, diz Cida.
Programa Nacional
A ministra aproveitou a oportunidade para relembrar que o Ministério Público, em 8 de março de 2023, publicou o decreto que restituiu o programa “Mulher Sem Violência” que tem como eixos a restruturação da central de atendimento a mulheres, o ligue 180, o enfrentamento ao feminicídio, implementação e fortalecimento das casas de mulher brasileira.
Além disso, prevê a assistência humanizada e não vitimizadora de mulheres vitimas e sobreviventes da violência, fortalecimento da rede de atendimento e unidades moveis de atendimento e enfrentamento de diversas manifestações de violência sexual.
Visando o enfrentamento ao assédio e violência domestica e familiar, no mundo do trabalho, foi encaminhado ao Congresso Nacional a mensagem presidencial pela ratificação da convenção 190 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), tendo em vista a importância da autonomia econômica das mulheres e os impactos da violência, foi publicado o decreto que regulamento a nova lei de licitações e contratos administrativos garantindo a cota de 8% das vagas para vítimas de violência doméstica nos contratos feito com a administração pública federal e implementação de ações de equidade entre homens em mulheres em ambiente de trabalho.
Em outra vertente, o programa prevê a implantação de 40 unidades das Casas da Mulher Brasileira. Para isso, serão investidos R$ 372 milhões em recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública. A ministra Cida Gonçalves anunciou ainda a distribuição de 270 viaturas das Patrulhas Maria da Penha para as delegacias da Mulher de todas as Unidades Federativas.
“Serão reformuladas as respostas ao governo aos feminicídios, por meio do Pacto Nacional do Enfrentamento do Feminicídio, com iniciativas voltadas à prevenção primária, como campanha e ações educativas, a exemplo da lei maria da pena na escola. Além disso, a prevenção secundária e terciária, por meio do fortalecimento das patrulhas marias da penha, monitoramento eletrônico dos agressores e da criação de uma metologia de avaliação e gestão de riscos”, adianta Cida.
Por fim, a Prefeita de Campo Grande Adriane Lopes agradeceu pela iniciativa da Assembleia. “A violência contra mulheres é uma pauta relevante e diária. Hoje estou como prefeita e nesse tempo que assumi essa grande responsabilidade, eu já sofri violência politica por causa do gênero feminino.”
“Amanhã inauguraremos a sala do Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) na Casa da Mulher Brasileira em Campo Grande. Estamos avançando, ranqueando o número de violência no país, não porque aqui é a Capital mais violenta, mas porque aqui as políticas públicas voltada para mulheres acontecem na íntegra”, anunciou a Prefeita. Acesse também: Bolsonaro chega ao Brasil e elogia legislatura do Congresso
Com informações do repórter João Gabriel Vilalba com Marcos Maluf