Mato Grosso do Sul pode ter nova planta habilitada para exportação de carne à China

Carne
Foto: divulgação

Vendas para o país asiático já começaram e arroba deve se manter em alta

Após a retomada das exportações de carne bovina para a China, na última quinta-feira (23), o mercado apresenta uma atuação firme, contando com o retorno das atividades a pleno vapor, em unidades de Mato Grosso do Sul. Demonstrando sinais concretos de sua recuperação, novas plantas foram habilitadas para exportar ao mercado asiático, sendo que, em MS, há expectativa de, ao menos, uma nova habilitação. 

De acordo com o presidente do Sicadems (Sindicato das Indústrias de Frios e Carnes e Derivados do Estado de Mato Grosso do Sul), Sergio Capuci, no Estado, uma nova unidade pode ser licenciada a realizar exportação para a China. “Em Mato Grosso do Sul, há a expectativa de habilitação da unidade JBS SIF 4400”, informou o titular do sindicato. O frigorífico JBS conta com duas plantas em Campo Grande, sendo que a referida se trata da unidade dois, localizada na BR-060, saída para Sidrolândia. 

Sobre as condições do mercado no Estado, o presidente destacou que o momento é positivo, ressaltando que a suspensão de 29 dias, período considerado curto, não “esfriou o ritmo”, já que a operação está aquecida, neste início de semana. 

“As atividades já se normalizaram. Todos os frigoríficos habilitados para a China no MS e no Brasil já voltaram às atividades. O mercado do boi está firme, porém, não foi registrada alta significativa, até o momento”, disse Capuci ao jornal O Estado. 

Conforme apurado, entre os três frigoríficos habilitados em Mato Grosso do Sul, para exportar a proteína para o mercado chinês – Iguatemi (Agroindustrial), Rochedo (Naturafrig) e Aparecida do Taboado (FrigoSul) , todos já estão realizando abates e funcionando normalmente. 

Além disso, o secretário da Semadesc (Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul), Jaime Verruck, afirma que com a suspensão do embargo à importação de carne bovina pela China, o esforço agora é para ampliar o credenciamento de frigoríficos da cota-China. 

“Temos uma lista, hoje, de mais de 100 frigoríficos, buscando o credenciamento para o boi-China. É importante, também, agora, com essa visita do presidente Lula, que a China amplie esse número de frigoríficos credenciados, o que favorecerá a pecuária sul-mato-grossense, tanto na participação no mercado, como e, principalmente, na remuneração ao produtor”, relatou o secretário. 

Segundo Guilherme Bumlai, atual presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), os preços devem ser mantidos na tendência de alta, com a retomada das exportações. 

“Nos últimos dias antes da reabertura do mercado para a China, o preço da arroba já apresentava um cenário de recuperação e, com a reabertura, a tendência é de que isso contribua para a sustentação dessa alta, é mais um fator para que os preços se mantenham. Para um cenário mais promissor para os criadores do Estado seria importante ter a liberação de mais plantas, para que tivéssemos um volume cada vez maior para o mercado chinês e observar os melhores preços praticados.” 

Mercado 

Desde a última quinta-feira (23), momento em que ocorreu o retorno imediato das exportações de carne bovina para o país asiático, o mercado se apresenta equilibrado. Já na quinta, contou com alta na B3, de 2,5%, a R$ 293,65 para a arroba do boi gordo. Em Dourados, a arroba foi indicada em R$ 274, na última semana.

Outra amostra de bons ventos para o setor foi o anúncio de quatro novas plantas habilitadas no Brasil, processo que não ocorria há quatro anos. A notícia foi dada pela GACC (Agência Geral de Alfândegas da China). Segundo anúncio do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, são duas plantas de Rondônia, uma do Espírito Santo e uma do Paraná, o que totaliza 41 plantas autorizadas, no Brasil, a vender a proteína bovina para a China. 

Duas plantas frigoríficas que estavam suspensas poderão voltar a exportar para a China: um abatedouro bovino no Mato Grosso e um frigorífico de frango, no Rio Grande do Sul.

Entenda

Um caso de EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina), a doença da “vaca louca”, foi confirmado pelo Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), no último dia 22 de fevereiro, em um macho de nove anos, em uma pequena propriedade, no município de Marabá, no Pará. O animal, criado em pasto, sem ração, foi abatido e sua carcaça incinerada, no local. 

Desta maneira, seguindo o protocolo sanitário oficial, as exportações para a China foram temporariamente suspensas, a partir de 23 de fevereiro. Na época, o presidente da Associação de Exportadores Brasileiros, José Augusto de Castro, disse à CNN que a suspensão deveria durar até abril. 

No dia 2 deste mês, a análise do laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal confirmou que o caso isolado de “vaca louca” se tratava de uma forma atípica, do tipo H. 

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, comunicou imediatamente o resultado da amostra ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e iniciou a inserção das referidas informações no sistema, para a comunicação oficial à OMSA e às autoridades chinesas. 

Após 29 dias de embargo das atividades para a China, que é o maior comprador de carne bovina brasileira da atualidade, o mercado voltou a operar na quinta-feira (23). A decisão foi tomada após reunião do ministro brasileiro com o ministro da Administração Geral da Aduana Chinesa, Yu Jianhua.

Em recuperação, Lula adia visita

Com a viagem para a China, marcada inicialmente para sábado (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisou adiar seu embarque para o domingo (26). Posteriormente, após ter sido diagnosticado com um quadro leve de pneumonia, adiou mais uma vez o compromisso, seguindo ordens médicas. 

Por meio de nota emitida pela Secretaria de Imprensa da Presidência da República, o mandatário informou sua impossibilidade de viajar, sob alegação de que os médicos indicam que seja necessário aguardar pelo encerramento do ciclo de transmissão viral. 

“Após reavaliação no dia de hoje e, apesar da melhora clínica, o serviço médico da Presidência da República recomenda o adiamento da viagem para a China, até que se encerre o ciclo de transmissão viral”, informou parte da nota. 

Apesar da ânsia de Lula em realizar a viagem ou até mesmo remarcar com brevidade, cogita-se que a visita seja transferida para o mês de maio, período em que o chefe de Estado tem reunião prevista com o G7, no Japão. 

Sobretudo, a nova data ainda deve ser definida nos próximos dias, junto às autoridades chinesas, que devem consultar a disponibilidade, conforme agenda.

 

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