Serviços on-line, trabalho remoto e expansão do comércio nos bairros também contribuíram para fechamento
Conforme adiantado na edição de ontem (27), o jornal O Estado mostrou uma grande quantidade de prédios comerciais localizados no centro de Campo Grande, onde antes funcionavam agências bancárias, contudo, atualmente, o cenário apresentado é bem diferente, já que não passam de locais vazios, alguns esperando locatários ou sendo leiloados e outros completamente esquecidos pela sociedade.
A equipe do jornal O Estado conversou com especialistas para entender o que pode ter contribuído para a extinção das agências. Dentre os fatores apresentados, está a pandemia, uma vez que a diminuição drástica da frequência de clientes aos bancos físicos e a realização de muitos serviços por meio de aplicativos de celular, tornou os espaços obsoletos e a conversão de lucro em prejuízo, já que manter um grande empreendimento comercial com pouco ou quase nenhum fluxo de cliente é inviável.
De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Logistas, Adelaido Vila, se tratou de uma aceleração do processo que aconteceria daqui a cinco ou seis anos e acabou ocorrendo antes, pela chegada da pandemia. “O funcionário que trabalha dentro do banco, pode estar trabalhando em home office e, como não tem as necessidades desses grandes espaços, elas vão deixando de de ocupar porque é mais barato manter o funcionário em home office na rua do que manter dentro de um espaço locado, como esse. Então, isso é uma grande preocupação para quem tem grandes prédios, porque a gente está observando que as empresas estão mantendo muito mais seus estoques no digital do que físico”, explicou.
Outro ponto observado por Adelaido é a questão do aumento, do crescimento dos bairros mais distantes do centro, o que acaba tirando o foco da área central da cidade, pois o morador que consegue resolver tudo em seu próprio bairro, dificilmente sairá dele. “Esse é um desafio da prefeitura de Campo Grande, trazer habitação para o centro, porque se nós não tivermos pessoas morando no centro, o comércio morre. Lá no bairro você tem açougue, padaria, loja de roupa, lotérica e, inclusive, agências bancárias, fora que hoje tudo é facilmente resolvido pelos aplicativos”, destacou.
Uma alternativa, mencionada por Villa, é que esses prédios sejam transformados em galerias, recebendo uma concentração de lojas em um único local, ou até mesmo que eles sirvam para ser prédios públicos, pois o serviço público ainda é, em grande maioria, presencial. Porém, ele afirma que provavelmente o setor público não tem tanto recurso assim para locar os prédios. Alguns espaços já foram locados há tempos e permanecem hoje com um novo modelo de negócio, que é o caso de onde era o banco Real, que depois evoluiu para o banco Santander e atualmente dá espaço a uma loja de utilidades, além disso, outros lugares ainda permanecem em construção e reforma, ainda sem revelar o que será, futuramente, no local.
O que diz a prefeitura?
O jornal O Estado também questionou a prefeitura de Campo Grande, para entender se existe algum projeto municipal de retomada destes locais e, até mesmo, ampliação do comércio, contudo, por meio de nota, a gestão informou que esta é uma questão privada. “Trata-se de uma questão privada dos proprietários de imóveis. E que a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), portanto, não interfere na questão de valores de locação de imóveis”, diz a nota.
Por Camila Farias – Jornal O Estado de MS.
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