Na tarde desta sexta-feira (24), a diretoria do HCAA (Hospital de Câncer de Campo Grande-MS Alfredo Abrão) se reunirá com os gestores da saúde do município para discutirem o déficit financeiro e situação salarial dos médicos do hospital beneficente.
Os servidores do hospital paralisaram os atendimentos na última quarta-feira (22). A greve prossegue por tempo indeterminado.
Também estão suspensas as consultas de triagem de novos pacientes e as cirurgias eletivas. O HCAA está atendendo somente os casos de urgência e emergência no PAM (Pronto Atendimento do HCAA, 24H), as cirurgias de urgências e emergências, atendimentos de UTI e os tratamentos nos setores de quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia de pacientes já em tratamento.
Em nota, a direção do hospital afirmou que a greve prossegue por tempo indeterminado. “Os médicos anunciaram que só normalizarão os atendimentos quando houver resolutividade para esta questão e os recursos forem efetivamente liberados”, informa nota.
Reivindicações
Em nota oficial, a direção do HCAA aponta que o indicativo de greve foi anunciado em 18 de janeiro, e que havia sido adiada por 30 dias.
Com o fim do prazo estipulado e falta de resposta, a greve foi deflagrada na última quarta-feira (22), uma vez que as reivindicações ainda não foram totalmente sanadas devido ao déficit financeiro geral acumulado do HCAA, que chega a R$ 770 mil reais/mês, de acordo com as informações divulgadas pela direção do hospital.
No documento, estão as seguintes reivindicações: regularização dos pagamentos e dos vínculos/contratos dos integrantes do Corpo Clínico; regularização dos serviços de patologia e exames de imagens (ressonância magnética e cintilografia óssea), essenciais aos diagnósticos e seguimentos de tratamentos.
A direção afirma que o HCCA encontra-se em grave situação. “Há um enorme déficit financeiro do HCAA com necessidade incremento de custeio de R$ 770.000,00/mês, e cujo ápice se deu em dezembro com pagamento do 13º salário dos funcionários do hospital (422 colaboradores + 75 médicos)”, diz trecho da nota.
Repercussão
Atualmente, o HCAA é classificado como uma instituição filantrópica e privada. Entretanto, cerca de 99% de seus pacientes são oriundos do SUS (Sistema único de Saúde), conforme dados divulgados pela diretoria do hospital.
De acordo com levantamento da direção, o hospital atende em média 180 mil procedimentos, que vão desde cirurgias, até quimioterapias, radioterapias e consultas médicas. O levantamento divulgado também informa que 70% dos atendimentos oncológicos públicos de todo o estado do Mato Grosso do Sul são feitos pelo HCAA.
Com a paralisação, pacientes e figuras públicas têm se manifestado contra a paralisação. A vereadora Luiza Ribeiro (PT) considera a interrupção dos atendimentos uma “irresponsabilidade”, que coloca a vida dos pacientes em risco.”Os pacientes e toda sociedade não podem ficar reféns de gestões temerárias e muito menos da concentração dos serviços de tratamento de câncer em pouquíssimas unidades, ainda mais sendo elas privadas ou filantrópicas”.
Ela também reforça que o SUS deveria ser o responsável por realizar o tratamento de câncer. “O tratamento do câncer tem que ser realizado na rede pública. A pandemia da COVID provou a todos nós o valor do SUS e do serviço público de saúde. O certo é que esse hospital fosse gerido pelo Poder Público, estaria garantida a continuidade dos serviços”, reforça Luiza.
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