Para muitos, o primeiro mês do ano é dedicado a renovação dos hábitos alimentares e uma atenção maior para a saúde; Há ainda quem coloque em prática as metas sempre adiadas. Pensando nisso, o projeto “Veganuary” (mistura das palavras ‘vegano‘ e ‘janeiro’ em inglês) propõe experimentar o veganismo por 31 dias a partir de janeiro.
O experimento foi criado a dez anos e estima ter alcançado cerca de dois milhões de inscritos, sendo 629 mil deles em 2022. Segundo o diretor da Veganuary na América Latina, Maurício Serrano, para cada inscrição, duas a três pessoas participam juntas da dieta e que, no total, até dez pessoas são influenciadas pelo participante inicial.
“O Brasil segue os resultados internacionais, nos quais cerca de 40% dos participantes indicam que se manterão no veganismo em razão de terem aprendido mais sobre esse estilo de vida, por sentirem melhoras na saúde e também pela comida saborosa”.
De acordo com os questionários pós-desafio dos brasileiros, os itens que fizeram mais falta durante o experimento foram queijo, ovos e carne de peixe. “Sair para comer fora de casa foi o mais desafiador, algo que se repete em âmbito internacional. Por isso, neste ano temos dado ênfase a essas necessidades na campanha”, diz o diretor.
Dos que não continuaram veganos no país após a edição passada, 85% disseram ter tido uma redução significativa do consumo de produtos de origem animal.
Como funciona
Tudo começa com a assinatura gratuita em uma newsletter diária (pelo site veganuary.com), que possui dicas, informações, links para comunidades e redes sociais de suporte ao veganismo. O material, que tem versão em português, é enviado para o assinante durante 31 dias via email e ainda inclui um kit para iniciantes.
O objetivo é esclarecer dúvidas existentes sobre como realizar uma dieta vegana segura para a saúde e também quebrar alguns tabus, como o de que é difícil adotar o veganismo para crianças, por exemplo.
A participação dá direito a um ebook com as receitas veganas favoritas de celebridades. Neste ano, a cantora Anitta, por exemplo, que não é vegana, mas consome e investe na produção de alimentos veganos, enviou ao projeto como fazer três de seus pratos sem proteína animal prediletos.
A professora de inglês Katia Carvalho, 55, fez no ano passado o Veganuary e gostou tanto que resolveu implantar a filosofia para uma comunidade inteira. Ela diz que já conseguiu adotar o veganismo em 80% das refeições do Instituto A Casa do Jardim, que atende 80 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social em Santo André, no ABC paulista. A ideia, no entanto, ainda esbarra em custos. “Infelizmente, ainda não conseguimos substituto para o ovo. Nós vimos que já existe um vegano, mas ainda não temos condições de comprar. Tudo é muito caro”, diz a professora.
O projeto recebe doações das empresas Supermercado Sonda, Leite Purifica, Leite B+, Tofu da Ecobras, Pão de Beijo, Casa da Coxinha Vegana, Mr. Veggy e Vegabom. Segundo Carvalho, além de se alimentarem no instituto, as crianças levam, de segunda e de sexta-feira, legumes, verduras e frutas para suas casas e, a cada 15 dias, cestas básicas”.
Há 400 crianças na fila de espera para uma vaga no projeto. Os alunos têm entre 5 e 16 anos e aprovam o cardápio, de acordo com a professora. “Eles amam arroz e feijão, sempre tem um tipo de farofa com legumes e ora-pro-nóbis e um complemento: torta, bolinhos, feijoada vegana, panqueca de abóbora, carne de jaca, lasanha de berinjela, sopas com muitos legumes… Elas comem sem problema e repetem muito”. Como sobremesa, são oferecidas frutas e doces. “Nós tentamos diversificar as receitas. Graças às nossas atividades e ao veganismo, estamos ajudando a formar jovens muito mais amorosos e conscientes. Temos também uma médica que faz o acompanhamento quinzenal e a saúde de todos melhorou muito”, comemora a professora.
Com informações da Folhapress.
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