O videoarte “Macunaíma Pop do Cerrado” está, atualmente, em fase de pós-produção e tem estreia prevista para março, ainda sem data definida. Traz de volta toda irreverência desta personagem símbolo do movimento antropofágico, porém reatualizado em pleno Cerrado mato-grossense e gravado de forma a se desvincular da estética hegemônica da atualidade.
No ano do centenário da Semana de Arte Moderna, de 1922, o anti-herói de Mário de Andrade se reinventa no retorno aos espaços-corpos-tempos pós-pandêmicos, que se revelam nas relações caóticas entre humanidades, naturezas e virtualidades.
O músico e produtor audiovisual Felipe Lourenço, que vive em Campo Grande e interpreta o “monstro antropofágico”, conta sobre sua experiência em projetos no estado vizinho de Mato Grosso. “É a segunda vez que eu vou trabalhar lá. A primeira foi em setembro, mas não como ator ainda. E isso já me abriu portas para poder conseguir esses trabalhos, porque na primeira vez eu fui lá para poder atuar em uma peça de teatro, fazendo direção musical e executando a peça. Ao atuar tocando na peça, com a performática musical e como ator, eu senti essa diferença dos trabalhos de lá pra cá, na questão de estruturação e de profissionalismo, até em ambientes privados – tanto os privados quanto os públicos – onde eu pude trabalhar com os dois, é sem comparação, quando se trata de arte no Centro-Oeste.”
Ele detalha, ainda, que gostou muito da forma como a cultura é tratada por lá. “Você tem um bom amparo, tem auxílio, tem patrocínios – e eu acho que isso foi um ponto bem mais importante do que eu vi em tudo lá –, tem bastante agentes patrocinando os trabalhos lá, e isso faz uma tremenda diferença, quando você quer conceber obras desse tipo.”
O trabalho realizado anteriormente foi no teatro e, em seguida, Felipe já engatou o trabalho audiovisual de releitura do importante personagem da literatura e do cinema brasileiro, “Macunaíma Pop do Cerrado”. “A peça do teatro foi um foi um espetáculo à parte, a peça se chama ‘Encardidos’. Já o segundo trabalho que eu engatei foi na produção, atuando como ator no filme chamado ‘Macunaíma e o Monstro Antropofágico Pop do Cerrado’”, explica o artista.
‘Macunaíma Pop do Cerrado’
Nesta versão apresentada pela equipe do Videoarte, coordenada pelo trio de artistas independentes Ju Queiroz (produtora-executiva e diretora de fotografia), Sol Ferreira (diretor) e Rodrigo Zaiden (roteirista e codiretor), Macunaíma é rasgado pelas r-existências seculares de indígenas, negros, ribeirinhos e populações rurais, como também de corpos em transição e fluidez de gênero que se manifestam no Cerrado, segundo maior bioma brasileiro.
Para o diretor do filme, o cineasta Sol Ferreira, o filme dialoga com vários aspectos da vida e de crenças pessoais. “O roteiro é maravilhoso porque dialoga muito com coisas que eu também acredito, que é a transitoriedade das coisas, não só de corpos, mas a transitoriedade das coisas, e esta relação que existe entre os inícios, os ápices, os fins e as conexões entre tudo isso que fazem exatamente com que a vida seja um resultado desse processo universal, que acontece para todas as coisas, que é um fluxo de transformações.”
Por Méri Oliveira – Jornal O Estado do MS
Confira a edição impressa do Jornal O Estado do MS.
Acesse também as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram.