O ano de 2022 foi um ano de despedidas, marcado pela perda de grandes nomes da cultura que nos deixaram. Artistas que por muitas décadas contribuíram com a arte e marcaram a história e deixaram um legado inesquecível. O jornal O Estado relembra alguns dos atores, humoristas, cantores e personalidades que partiram ao longo do ano e que deixaram saudade para os admiradores de seus trabalhos.
Uma das mortes que mais repercutiram em 2022 foi a do apresentador, escritor e ator Jô Soares, o ícone brasileiro das artes e da comunicação, que morreu na madrugada de 5 de agosto, aos 84 anos, em São Paulo, onde estava internado em um hospital. Jô escreveu roteiros para programas de televisão em emissoras como a Continental, Record e TV Globo. E também atuou em diversos programas humorísticos da Tupi, Record TV, SBT e TV Globo, além de ser músico nas horas vagas.
O jornalista Ciro de Oliveira explica que a morte de Jô Soares deixou um vazio em todos nós. “Porque ele fez parte da alegria de viver de várias gerações. Na minha adolescência, eu não ia dormir sem assistir o programa do Jô – desde a Família Trapo, na TV Record – que acho que é considerado o primeiro Sitcom brasileiro”, relembra.
Perdas
Em janeiro, o Brasil deu adeus ao icônico personagem Batoré, da sitcom “A Praça é Nossa”, no SBT, vivido pelo ator e humorista Ivanildo Gomes Nogueira, que morreu no dia 10, aos 61 anos. Ele estava internado na Unidade de Pronto Atendimento de Pirituba, na zona oeste de São Paulo.
No dia 16 de janeiro, quem nos deu adeus foi a atriz Françoise Forton, após perder a batalha contra o câncer, aos 64 anos, no Rio de Janeiro. Figura constante na televisão desde a década de 1960, foi destaque em novelas como “Estúpido Cupido”, em 1976, “Amor Sem Igual”, da Record, em 2019, e “Tempo de Amar”, da TV Globo, em 2017.
Dona da voz do milênio, a cantora e compositora Elza Soares morreu aos 91 anos, no Rio de Janeiro. Considerada, mundialmente, uma das maiores artistas brasileiras, a cantora lançou 34 discos em mais de 70 anos de carreira.
Uma das mais conhecidas cantoras do Brasil, Ludmila Ferber morreu em 26 de janeiro, aos 56 anos, em São Paulo, vítima de um câncer de pulmão, que evoluiu para metástases nos ossos e no fígado. A cantora gospel gravou oito discos e integrou o grupo Koinonya e, em 1996, começou a carreira solo.
O cineasta e jornalista Arnaldo Jabor morreu, aos 81 anos, no dia 15 de fevereiro, em São Paulo. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês havia mais de dois meses após um acidente vascular cerebral isquêmico.
A cantora Paulinha Abelha, vocalista da banda de forró Calcinha Preta, morreu aos 43 anos, em 23 de fevereiro. A artista desenvolveu problemas renais que evoluíram para o fígado e cérebro.
Em maio, no dia 30, o ator Milton Gonçalves nos deixou, aos 88 anos. Segundo informações da própria família, a morte se deu por consequência de um acidente vascular cerebral sofrido em 2020. O ator estava em casa no momento de sua morte.
A atriz Marilu Bueno, de 82 anos, morreu no fim da tarde de 22 de junho, no Rio de Janeiro. Ela estava internada em um hospital, onde foi submetida a uma cirurgia no abdômen. Por conta de complicações no pós-operatório, ela teve de ser transferida da enfermaria para a UTI, mas não resistiu.
Em agosto, quem se despediu, aos 63 anos, no Rio de Janeiro foi a humorista, dubladora e roteirista, Cláudia Jimenez, que tinha mais de 40 anos de carreira. Ela iniciou em 1979 na série “Malu Mulher” e participou de programas de humor como “Os Trapalhões”, “Viva O Gordo” — ao lado de Jô Soares — e “Chico Anysio Show”.
Gal e Boldrin no mesmo dia
O Brasil e o mundo se despediram da cantora e compositora Gal Costa na manhã de 9 de novembro, aos 77 anos. Gal foi um dos maiores nomes da música do país e teve forte ligação com o movimento do tropicalismo e da MPB. Ela começou a cantar no início dos anos 1960, ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Tom Zé, com quem manteve parcerias até o fim da vida.
Para o músico Maurício Kemp, a importância e influência de Gal na música brasileira era enorme, e vinha também de suas leves “transgressões”. Nos anos 60, a Gal foi uma das primeiras mulheres a usar calças compridas no centro de São Paulo, quando isso era considerado um escândalo. Ela namorava o Tom Zé na época”, conta.
A morte do ator, cantor, compositor e apresentador Rolando Boldrin, em 9 de novembro, aos 86 anos, em São Paulo, chocou, não apenas por ser ele um dos grandes nomes da música e da TV brasileira, mas principalmente, por ter sido no mesmo dia em que a estrela Gal Costa nos deixou. A informação foi confirmada pela TV Cultura, emissora na qual ele apresentava um dos mais tradicionais programas da televisão brasileira, o “Sr. Brasil”.
Em Campo Grande, o guitarrista Luiz Stanley, da banda Blueasy, lamentou as perdas dos dois grandes nomes da música brasileira. “É uma grande perda, e no mesmo dia de Gal, e pós Dan McCafferty”, começa Luiz, se referindo, além de Rolando e Gal, também ao primeiro vocalista da banda Nazareth, que morreu no dia anterior (8 de novembro), aos 76 anos.
Sargento Pincel
Natural de Ladário, o ator e diretor Roberto Guilherme morreu aos 84 anos, em 10 de novembro, no Rio de Janeiro. Ele teve, entre os muitos trabalhos, grande destaque na atuação ao lado de Renato Aragão, como o Sargento Pincel em “Os Trapalhões”.
O “Tremendão”, Erasmo Carlos, teve sua morte confirmada em 22 de novembro. O cantor e compositor morreu, aos 81 anos, após ter sido levado às pressas ao hospital. Erasmo havia recebido alta no início do mês depois de passar nove dias internado com um quadro grave de edema. Desde então, o estado de saúde do artista ficou instável.
O produtor cultural Marcus Barão conta que, em certa oportunidade, contratou Erasmo para shows em Campo Grande, Rondonópolis e Cuiabá e, apesar de uma fatalidade, o artista seguiu em frente com os compromissos assumidos. “Esses dois shows no MT estavam marcados, com venda de ingressos a todo vapor, mas infelizmente 10 dias antes, o filho do Erasmo faleceu, o Gugu. Mas o Erasmo foi muito profissional, e foi fantástico dois dias após o sepultamento e disse que cumpriria os shows que já estavam marcados.
Ele viajou e cumpriu os shows, estava abatido, arrasado, mas ao subir nos palcos, eu entendi o porquê de colocarem o apelido dele de ‘Gigante Gentil’: nos bastidores ele era amável do tamanho físico dele”, relembra Barão.
O ator Pedro Paulo Rangel, foi a óbito na madrugada do último dia 21 de dezembro, de doença pulmonar obstrutiva crônica, depois de ficar internado desde o dia 30 de outubro. Famoso por atuações no teatro, na TV e no cinema, Pepê, como era chamado pelos amigos, deixou um grande legado.
O ator Victor Leal, da Cia de Teatro Os Melhores do Mundo, conhecida, principalmente, pelo espetáculo Hermanoteu na Terra de Godah, foi sucinto e eloquente sobre Pepê: “Pedro Paulo Rangel foi um dos maiores atores da sua geração. Transitava muito bem entre a comédia e o drama e, sem dúvida, deixará um vazio imenso no teatro brasileiro.”
Por Méri Oliveira – Jornal O Estado do MS.
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