Um manifestante foi enforcado pelo Irã nesta quinta-feira (8). Essa foi a primeira sentença de morte executada pelas autoridades em relação aos protestos pela morte de Mahsa Amini, que faleceu enquanto estava sob a custódia da polícia moral do Irã por não estar usando o hijab..
De acordo com informações, o homem identificado como Mohsen Shekari foi condenado por ferir um agente de segurança com uma faca e bloquear com a sua motocicleta uma rua em Teerã durante uma das manifestações.
Em um vídeo divulgado pela mídia estatal iraniana, Shekari aparece com um hematoma no rosto enquanto admite ter agredido um membro da Basij, milícia ligada à Guarda Revolucionária do Irã. Grupos de direitos humanos afirmam que o homem foi torturado e forçado a confessar os supostos crimes.
Segundo levantamento da Anistia Internacional, ao menos 21 pessoas foram condenadas a pena de morte. Porém, a entidade acredita que são “julgamentos falsos destinados a intimidar os participantes do levante popular que abalou o Irã”.
“As autoridades iranianas devem anular imediatamente todas as sentenças de morte, abster-se de buscar a imposição da pena de morte e retirar todas as acusações contra os presos em conexão com sua participação pacífica em protestos”, afirmou a ONG em nota.
As condenações de morte são mais uma entre as diversas ferramentas de repressão utilizadas pelo regime iraniano. No início da semana, a Guarda Revolucionária encorajou o Judiciário a emitir decisões rápidas contra os acusados de “crimes contra a segurança da nação e do islã”.
Sobre Mahsa Amini
Considerada a maior onda de protestos do Irã desde a Revolução Islâmica de 1979, as manifestações se espalharam pelas 31 províncias do Irã, após Mahsa Amini falecer dia 16 de setembro, depois de ter sido detida pela polícia da moralidade por não estar usando o hijab, tradicional véu islâmico utilizado para cobrir o cabelo. Durante o período em que ficou presa, a jovem precisou ser internada e veio a óbito, após três dias de coma.
As autoridades de Teerã afirmaram na época que a jovem teria tido um ataque cardíaco, após ser levada à delegacia para ser “convencida e educada”. Familiares da vítima negaram que Amini sofria de algum problema cardíaco.
Após a divulgação da sua morte, manifestantes e a família de Mahsa acusaram a polícia de terem espancado a mulher e provocado a sua morte e com isso, começaram os protestos que estão sendo atualmente repreendidos.
A polícia da moralidade, responsável por fiscalizar o uso do véu por mulheres no Irã, que é obrigatório, já vem sendo criticada pelas suas intervenções violentas. O código de vestuário está em vigor no país desde a revolução islâmica, em 1979, onde as mulheres começaram a ser obrigadas a cobrir o cabelo com o véu e usar roupas largas para encobrir o formato de seus corpos. Aquelas que descumprirem a norma enfrentam repreensões públicas, multas e até mesmo a prisão.
Confira os desdobramentos do caso de Mahsa Amini.
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