A troca de sinais entre as principais potências no conflito iniciado há nove meses vem na esteira de outros movimentos nas últimas semanas, com Washington insistindo cada vez mais numa saída para a crise.
Ao mesmo tempo, claro, Biden e outros líderes ocidentais reafirmam seu apoio militar a Kiev, sob risco de alienar o presidente Volodimir Zelenski -cujo governo já disse temer “uma facada nas costas”. É uma equação delicada, até porque os EUA estão pagando o grosso da conta bélica da guerra, tendo empenhado US$ 20 bilhões (R$ 104 bi) até aqui em transferências de armamentos para os ucranianos.
Além disso, está cada vez mais claro que a Rússia conseguiu contornar o iceberg da catástrofe econômica colocado em seu caminho pelo regime duro de sanções ocidentais devido à guerra. O país sofre e terá contração de seu PIB, mas não entrou em insolvência.
Concorre também para a ideia de uma acomodação a percepção crescente no Ocidente de que o regime de embargo ao petróleo russo na União Europeia, que passa a valer na segunda-feira (5) e ainda embute um controverso acordo firmado nesta sexta para liberar compras abaixo de um teto de preços estipulado pela Comissão Europeia, não deverá ter muito efeito sobre os lucros de Moscou na área.
Com o objetivo de limitar a receita do Kremlin e evitar um choque global do petróleo, o bloco fixou em US$ 60 (R$ 311) o valor máximo para o barril russo, mas o preço é mais alto do que o praticado hoje por Moscou pelo barril Ural -que está na casa dos US$ 40 (R$ 207).
Com o embargo na UE, a ideia é que o preço valha para compradores que não fazem parte do bloco. Representantes do G7 e da Austrália também já concordaram com a medida.
Na quinta, ao lado do francês Emmanuel Macron, Biden disse estar “aberto para conversar” com Putin, desde que ele deseje o fim do conflito.
Peskov devolveu a condicionante, dizendo que não haverá retirada de forças do Kremlin das quatro regiões declaradas parte do território russo em 30 de setembro.
Diante da resposta, a Casa Branca reconheceu que “ainda não estamos em um ponto em que as negociações pareçam ser um caminho frutífero”, nas palavras do porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby.
Com informações da Folhapress, por IGOR GIELOW