A revitalização da Rua 14 de Julho, principal via de comércio no Centro, trouxe como consequência o aumento no preço do aluguel. Em alguns estabelecimentos, o valor chega a R$ 25 mil, variando 127,27%. De acordo com o arquiteto representante da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande) no CMDU (Conselho Municipal de Desenvolvimento e Urbanização), Sérgio Seiko Yonamine, a situação dificulta para que o empresário se mantenha na localidade.
“O fortalecimento da atividade comercial e de serviços nos bairros, provocando a descentralização dos negócios, o valor dos aluguéis na região central, reajustados após as obras de revitalização, está dificultando ainda mais para o empresário manter-se na localidade que já possui um valor mais alto de IPTU”, salienta.
Ainda conforme Yonamine, a revitalização elevou a qualidade dos imóveis na região. “Vale ressaltar que o projeto de revitalização estimulou a elevação da qualidade dos imóveis e dos estabelecimentos comerciais. O programa prevê ainda a fixação e atração de moradores na região, a melhoria do transporte público e das áreas verdes existentes. A atividade comercial se beneficiará com esse conjunto de intervenções”, completa o arquiteto.
Preços
Conforme apurado pelo jornal O Estado, contando os imóveis comerciais na Rua 14 de Julho, desde a Avenida Afonso Pena até a Avenida Mato Grosso, são 163 estabelecimentos existentes. Deste total, 25 prédios estão para alugar.
Em um dos locais, o valor do aluguel está R$ 11,5 mil, com 91 metros quadrados, contendo uma copa, uma área de serviço, três salas pequenas, quatro provadores e dois banheiros.
Na mesma rua, um outro salão comercial, com 100 metros quadrados custa R$ 11 mil. É um espaço aberto, contendo apenas um banheiro.
Em outro local de 221,37m², o aluguel está R$ 25 mil por mês. Além do salão amplo, contém um mezanino, dois banheiros, copa e área de serviço.
O presidente da CDL-CG (Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande), Adelaido Vila, reforça que o varejo tem percebido uma redução significativa do movimento na região central. “Os consumidores preferem estar em lugares que consigam resolver os problemas rápidos. Então, as lojas de bairros são uma opção, pois evita o trânsito do centro e garante uma facilidade na hora de consumir o produto. Sendo assim, o crescimento dos negócios em bairros está cada vez crescendo mais”, destaca.
Falta de atrativos
O presidente do Secovi-MS (Sindicato de Habitação de Mato Grosso do Sul), Geraldo Paiva, relata que a simples recuperação na aparência não garante atrativos para a região central.
“A baixa oferta de estacionamento para as atividades de prestação de serviços também reflete no desinteresse da região. Os comerciantes também têm reclamado na redução das vendas, o qual é fundamental para o desenvolvimento da recuperação na região”, explica o presidente do Secovi-MS.
Geraldo destaca também que não há como recuperar o centro da Capital sem incentivar a moradia. “A região do centro, após o fechamento das lojas, fica sem movimento, então para que o Centro recupere a movimentação é necessária que a população esteja circulando em todos horários, inclusive aos fins de semana. As atividades como lazer e culinária poderiam ajudar nesta questão, pois antigamente havia cinema, teatro e bons restaurantes, porém todos infelizmente se foram.”
Revitalização da principal via de comércio no Centro completa 3 anos
Na próxima terça-feira (19), a entrega da primeira etapa do Reviva Campo Grande, que inclui a Rua 14 de Julho, completa três anos. Com investimento de R$ 60 milhões, as obras iniciaram em junho de 2018, e a inauguração ocorreu dia 29 de novembro de 2019.
A requalificação da rua trouxe uma nova dinâmica para a área central. A via ganhou um visual moderno, além de fios embutidos, no qual saíram da paisagem mais de 11 km de cabos e 139 postes.
Os 1.400 metros que compõem as dez quadras, da Avenida Fernando Corrêa da Costa até a Avenida Mato Grosso, passaram por grandes transformações, como drenagem, nova rede de esgoto e abastecimento de água, pavimentação, diminuição de uma pista de rolagem, alargamento de calçada e instalação da rede de gás natural.
Já a segunda etapa do Reviva Campo Grande contempla o microcentro, que contempla o quadrilátero das Avenidas Fernando Corrêa da Costa, Mato Grosso e Calógeras e pela Rua Padre João Crippa, além também de abranger as vias transversais à Rua 14 de Julho. O projeto prevê 27,8 quilômetros de recapeamento e 4,1 quilômetros de drenagem.
Por Marina Romualdo – Jornal OEstado de MS.
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