Jara sofre ataque e é criado movimento em defesa da mulher

Foto: Divulgação
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Por Rayani Santa Cruz

A vereadora de Campo Grande, Camila Jara do PT, que é pré-candidata a deputada federal foi vítima de ataque virtual noite de segunda-feira (25), após um vídeo ser divulgado nas redes sociais. Ela denunciou o crime e comentou em nota sobre o vídeo de baixo nível e que claramente caracteriza violência política e de gênero, por se tratar de uma mulher parlamentar. Infelizmente o caso envolvendo Jara não é isolado, e em Campo Grande lideranças políticas iniciaram o movimento “se mexeu com uma, mexeu com todas”, logo após o episódio.

A vereadora logo se pronunciou sobre o ataque sofrido e lembrou que a cada minuto, oito mulheres são agredidas no Brasil; sofrem abuso, e a cada 48 horas ao menos uma mulher perde a vida. Camila é atuante no mandato, e se posiciona costumeiramente contra casos de abusos, assédio sexual, violência contra a mulher, racismo e defende políticas públicas para os grupos LGBTQIA+. Ela inclusive teceu comentários sobre as denúncias de assédio sexual envolvendo o ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD).

O vídeo de tom baixo tentou ferir a imagem de Camila fazendo acusações sobre seu casamento, e indicando que ela havia recebido dinheiro de um grupo político. A vereadora evitou detalhar o teor do vídeo, por ser inescrupuloso.

“Agora, fazemos parte das estatísticas e somos mais um caso à cifra da violência política de gênero. É um velho jeito – sujo, feio e baixo – de fazer política. Justamente a qual devemos e nos propomos a combater”, disse a parlamentar que lembrou que o vídeo é fomentado pelo machismo e pelo conservadorismo tão presentes na sociedade sul- -mato-grossense, e que ataca a honra e a ética

Camila através da assessoria afirmou que as imagens foram produzidas com o único fim de difamar a sua imagem da parlamentar, já que não está envolvida em nenhuma das situações apresentadas. A vereadora pontua também que já tomou as providências legais cabíveis.

Ontem (26), Jara agradeceu o apoio das lideranças femininas do Estado e do Brasil e avisou que não vai se calar diante de situações como essa. “Tentaram calar a nossa voz, mas esqueceram de que não estamos sós. Quero agradecer a todas e todas que se levantaram contra a violência política de gênero que sofri.”

Outra ameaça

Em recente episódio o também vereador e pré-candiato a deputado estadul João César Mattogrosso (PSDB) disse ter sido ameaçado e que imagina ser de alguém ligado ao ex-prefeito. Segundo o parlamentar, eles disseram em mensagem que iriam expor sua intimidade.

“Registrei o boletim de ocorrência na última sexta-feira (22). Não sei quem fez isso, mas com toda certeza a gente imagina que seja alguém ligado a esse lado politico. Agora vou para ciam, então o que precisar fazer para que a verdade, seja ela qual for, venha a tona, eu vou fazer”, ressaltou.

Violência política e de gênero

Ao início do período eleitoral, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) divulgou ações para o enfrentamento da violência contra a mulher e na luta por uma maior representatividade feminina na política.

Os constrangimentos vividos por vereadoras, prefeitas, deputadas e senadoras vão desde interrupções nas falas a ameaças, chantagens, xingamentos e desmerecimentos. Muitas sofrem violência sexual, com acesso não permitido ao corpo, como foi o caso da deputada estadual. Outras são submetidas a questionamentos sobre a vida privada, ouvem comentários sobre a aparência física e a forma de vestir, além de receberem ameaças vindas pela internet ou de forma presencial.

A violência de gênero na política está mais presente do que se supõe, prejudicando o mandato daquelas que foram eleitas pelo povo e afastando a mulher da vida política.

Canais para denúncias

Para denunciar casos de violência, as vítimas têm alguns canais. O mais conhecido deles é o 180, a Central de Atendimento à Mulher. O número do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos (MMFDH) passou a contar, desde novembro de 2020, com um número no WhatsApp: (61) 99656-5008. Também podem ser feitas denúncias por meio do aplicativo Direitos Humanos BR e pelo site da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos.

Quando a situação envolve violência política de gênero, as vítimas contam com canais específicos, como o Ministério Público Eleitoral de cada estado – órgão que atua na fiscalização da regularidade e da integridade do processo eleitoral – e canal de atendimento eletrônico ao cidadão.

O Brasil ocupa atualmente a 140ª posição do ranking da União Interparlamentar que avalia a participação política de mulheres em 192 países, ficando atrás de todas as nações da América Latina, com exceção do Paraguai e do Haiti. Em âmbito municipal, 900 municípios não tiveram sequer uma vereadora eleita nas Eleições de 2020.

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