O The New York Times publicou ontem (12) uma reportagem que diz que os militares tornaram-se os principais aliados do presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro (PL) no que implica os questionamentos às eleições deste ano.
O principal jornal dos Estados Unidos, destaca várias vezes que as acusações feitas por Bolsonaro e por líderes das Forças Armadas ocorrem “apesar de pouca evidências de fraudes anteriores”, e que isso aumenta as já altas tensões sobre “a estabilidade da maior democracia da América Latina”.
A reportagem escrita pelo chefe da sucursal do NYT no Brasil, o jornalista Jack Nicas, relembra que os militares enviaram questionamentos ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre o pleito de outubro, e que eles receberam uma vaga no cômite da transparência das eleições “para aliviar os temores de que Bolsonaro havia despertado sobre a votação”.
A publicação ainda diz que o presidente brasileiro “tem falado com carinho” sobre a ditadura que o Brasil viveu entre 1964 e 1985, e que Bolsonaro “tem deixado claro como os militares respondem a ele”. Nicas também destaca uma fala de Jair, onde ele teria dito que autoridades eleitorais “convidaram as forças armadas a participar do processo eleitoral. Esqueceram que o chefe supremo das Forças Armadas se chama Jair Messias Bolsonaro?”
President Jair Bolsonaro of Brazil is trailing in polls for the country’s presidential race. He said that if he loses, it will most likely be thanks to a stolen vote.
Now he has enlisted a new ally in his fight against the electoral process: the military. https://t.co/lta4NLNiV8
— The New York Times (@nytimes) June 12, 2022
“Faltando pouco mais de quatro meses para uma das votações mais importantes da América Latina em anos, um confronto de alto risco está se formando. De um lado, o presidente, alguns líderes militares e muitos eleitores de direita argumentam que a eleição está aberta a fraudes. Do outro, políticos, juízes, diplomatas estrangeiros e jornalistas estão soando o alarme de que Bolsonaro está preparando o cenário para uma tentativa de golpe”, diz trecho da reportagem.
A reportagem ainda traça um paralelo entre as táticas adotadas por Bolsonaro e atitudes tomadas por Donald Trump após ter perdido as eleições de 2020. “As táticas de Bolsonaro parecem ter sido adotadas do manual do ex-presidente Donald J. Trump. Os dois homens refletem um retrocesso democrático mais amplo que se desdobra em todo o mundo”, diz.
Segundo o texto no NYT, o general aposentado do Exército, Sérgio Etchegoyen, que é próximo aos atuais líderes militares, teria chamado as preocupações com o golpe de alarmistas. “Podemos pensar que é ruim que o presidente questione as cédulas, mas é muito pior se a cada cinco minutos acharmos que a democracia está em risco”, disse Etchegoyen.
“Algumas autoridades americanas estão mais preocupadas com os cerca de meio milhão de policiais em todo o Brasil porque geralmente são menos profissionais e apoiam mais Bolsonaro do que os militares, de acordo com um funcionário do Departamento de Estado que falou sob condição de anonimato para discutir conversas privadas”, disse o jornal.
O The New York Times também questiona o papel das Forças Armadas no pleito brasileiro. “Como o apoio dos militares pode ser fundamental para um golpe, uma pergunta popular nos círculos políticos se tornou: se Bolsonaro contestasse a eleição, como os 340.000 membros das forças armadas reagiriam?”, indaga a reportagem.
De acordo com o jornal, “nos 37 anos da democracia moderna do Brasil, nenhum presidente esteve tão próximo dos militares quanto Bolsonaro”.
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