Varíola do macaco pode se tornar problema de saúde pública

Hospital Santa Casa

Cientistas do Butantan alertam para importância de medidas e MPMS quer Plano de Contingência Estatual 

Diante da disseminação do vírus da varíola dos macacos que em poucas semanas já registrou casos em diversos países e que colocou o Mato Grosso do Sul em alerta, após um paciente ser internado com suspeita da doença. A a diretora do Laboratório de Virologia do Butantan, Viviane Botosso indicou que a varíola dos macacos pode se tornar um problema de saúde pública mundial por uma série de fatores, que envolvem maior gravidade da doença em certos públicos, a necessidade de isolamento dos doentes e por não haver vacinas para imunização em grande escala. Com isso, ela alertou para a necessidade de implementar medidas de contingência.

Segundo Viviane Botosso, a medida de saúde mais eficaz para conter o avanço do vírus, neste momento, é bloquear a transmissão inter-humanos, afirma a diretora do Laboratório de Virologia do Butantan.

“Apesar de ser uma doença autolimitante, que tende a se curar sozinha, e muito menos grave do que a varíola, pacientes imunocomprometidos e crianças podem desenvolver doenças mais graves e isso pode acarretar problemas de saúde pública”, diz a especialista.

Mesmo assim, a virologista pondera que ainda é cedo para afirmar que a varíola dos macacos se tornará um problema mundial. A OMS (Organização Mundial da Saúde) publicou comunicados em tom de alerta até o momento, diferente da época da disseminação da COVID-19, cuja transmissão era mais eficaz, o que levou rapidamente a situação de pandemia.

“Agora vai depender de como serão tomadas as medidas de saúde pública dos países que estão sendo acometidos para tentar conter isso sem grandes consequências. Mas não temos bola de cristal, e o que existe é uma frente de alerta para tentar prevenir seu avanço”, ressalta.

Segundo a virologista, Monkeypox conhecida como varíola dos macacos, é uma espécie de “prima” da varíola. Ambos pertencentes ao gênero Orthopoxvirus da família Poxviridae. Porém, diferentemente da varíola dos macacos, a varíola humana foi uma das doenças mais mortais da história da humanidade e foi oficialmente declarada como erradicada do planeta em 1980, após uma ampla campanha mundial de vacinação em massa.

A possibilidade de Mato Grosso do Sul ter o primeiro caso da doença também chamou a atenção do Ministério Público, que por meio da promotora Daniella Costa da Silva solicitou que tanto a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), quanto a SES (Secretaria de Estado de Saúde) desenvolvam um Plano de Contingência contra a propagação da varíola dos macacos.

O documento publicado na edição de ontem (3) do DOMPMS (Diário Oficial do MP), indica para a necessidade de conter informações sobre o gerenciamento dos recursos humanos e materiais nos serviços de saúde. Ele leva em conta que a Monkeypox é uma doença de importância para a saúde pública global, sendo endêmica nos países da África Ocidental e Central e apresentando casos confirmados em países não endêmicos como Portugal e Suécia. Todos os casos não relataram história de viagem para uma área endêmica e não houve ligação entre os casos relatados em diferentes países. Em 20 de maio de 2022 já havia 11 países com casos notificados: Austrália, Bélgica, Canadá, França, Alemanha, Itália, Portugal, Espanha, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos da América.

SESAU começou estudos para o plano de contingência

A Secretaria Municipal de Saúde revelou ontem (3), que já emitiu um informe técnico para os profissionais da Saúde com recomendações e orientações sobre o atendimento a pacientes com suspeita para a varíola dos macacos.

“O plano de contingência não é algo voltado somente ao atendimento. Ele prevê várias frentes, inclusive questão de necessidade de materiais, insumos e reforço do quadro do pessoal”, informou a assessoria de imprensa.

Dentre as ações previstas estão: o uso de equipamentos de proteção individual como máscaras, óculos, luvas e avental, além da higienização das mãos regularmente. Além disso, em caso suspeito da doença, realizar o isolamento imediato do indivíduo, o rastreamento de contatos e vigilância oportuna dos mesmos. O isolamento do indivíduo só deverá ser encerrado ao desaparecimento completo das lesões.

Vacinação x proteção

Conforme revelado anteriormente pelo O Estado, o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, revelou que o Brasil já iniciou as tratativas através da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) sobre a compra da vacina. A especialista relembrou ainda que quem se vacinou antes da erradicação do vírus da varíola pode ter imunidade cruzada para a varíola dos macacos. Mas a proteção não é uma certeza, pois a vacinação massiva ocorreu há mais de 40 anos, foi o que pontuou a diretora do Laboratório de Virologia do Butantan, Viviane Botosso.

“As pessoas vacinadas contra varíola têm anticorpos que protegem contra o monkeypox, o que não sabemos é se isso dura até hoje porque são mais de 40 anos”, finalizou.

Paciente de MS apresenta melhora

O único caso em investigação no Estado é o de um adolescente de 16 anos, natural de Puerto Quijarro, que procurou atendimento médico em Corumbá. Ele apresentava febre, inchaços nos linfonodos e algumas erupções na pele, incluindo no genital. Exames realizados já descartaram a hipótese de zika vírus. “Continua no CTI por conta do isolamento e montamos uma vigilância mais intensiva. Ele continua estável, respirando espontaneamente, sem desconforto respiratório, as lesões já apresentaram uma melhora bem grande. Continua tratando infecção sobreposta e estamos aguardando o resultado das biópsias que já foram coletadas”, informou ao O Estado o diretor técnico da Santa Casa de Corumbá, Dr. Eduardo Alves.

Texto: Michelly Perez e Rafaela Alves – Jornal O Estado MS.

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