Por Bárbara F. Bejarano – Jornal O Estado de MS
Em Mato Grosso do Sul, existem 653 crianças acolhidas em abrigos ou lares temporários, porém apenas 83 estão aptas para serem adotadas. Em contrapartida, o número de famílias prontas para receber uma criança e devidamente cadastradas no SNA (Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento) é de 242 pessoas.
Nesta quarta- -feira (25) é celebrado o Dia Nacional da Adoção, que revela a lacuna existente entre os perfis de adoção desejados e a realidade dos abrigos.
O jornal O Estado conversou com Lydia Pellat, psicóloga e presidente do GEAAV (Grupo de Apoio à Adoção Vida), que explicou que um dos motivos para o número baixo de crianças aptas à adoção se deve à grande dificuldade encontrada no processo de destituição das crianças de suas famílias biológicas.
“A diferença é grande porque esses 83 estão com processo de destituição do poder familiar já concluído, os demais ainda estão no processo em andamento ou com medidas restritivas”, pontuou.
Dessas crianças, 65 delas estão acima de 6 anos, sendo 19 maiores de 16 anos, e 16 com 14 a 16 anos. O que é explicado pelos critérios pontuados na abertura do processo.
“A adoção depende do perfil dos pretendentes. Em geral, o perfil é de uma criança pequena, recém-nascida, de dois a cinco anos. As crianças que estão disponíveis para adoção não estão dentro do perfil. Além de que existem grupos de irmãos”, pontua.
‘A conta não fecha’
Márcia Ribeiro, coordenadora da Casa da Criança Peniel de Campo Grande, contou para o jornal O Estado que atualmente 12 crianças estão abrigadas no local. Mesmo assim, ela explica que até chegar a fase da adoção, a Justiça busca entre o vínculo familiar alguma opção para que essa criança seja adotada, e ainda assim o psicológico dos pequenos sempre fica comprometido.
“Quando a criança chega até nós, 99% já passaram por abrigo da prefeitura e são transferidos para cá. Então o primeiro momento de entender o que está acontecendo, entender que saíram do núcleo familiar, nem sempre acontece aqui. Mesmo assim, recebemos crianças com o emocional abalado. Ela não entende que aquela vida que estava vivendo era carregada de violência, falta de cuidado, de atendimento médico, odontológico, esse rompimento é traumático e por isso, elas recebem atendimento psicológico e terapia. As famílias cadastradas em sua maioria buscam adotar bebês e brancos e infelizmente essa não é a realidade dos abrigos atualmente, por isso a conta não fecha”, finalizou.
Serviço:
Mais informações podem ser obitdas na Vara da Infância e Juventude de Campo Grande, localizada na Rua da Paz, 14, térreo, bloco II, ou pelo telefone: (67) 3317-3428 .
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