Procon estadual analisa limitar venda das distribuidoras por litragem, após denúncias
Postos de combustíveis do interior de Mato Grosso do Sul estão enfrentando escassez de diesel, devido às distribuidoras terem reduzido a quantidade de fornecimento, sob suspeita de estarem segurando o combustível para depois vender mais caro. Diante deste cenário, esses estabelecimentos pediram ao Procon MS (Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor de Mato Grosso do Sul) para que seja limitada a venda por litragem.
“A suspeita é de que estão segurando o combustível para vender com o preço mais caro, sabendo que poderá subir o combustível. Alguns postos do interior do Estado estão solicitando ao Procon a autorização para limitar venda por litragem, porque a demanda deles de compra está sendo reduzida pelas distribuidoras, e alguns estabelecimentos estão com dificuldades principalmente no interior do Estado, em postos de rodovias, em ter a quantidade necessária para abastecimento”, explicou o superintendente do Procon Estadual, Marcelo Salomão.
A partir dessas denúncias, o Procon/MS está montando dossiê que será encaminhado ao Ministério Público Estadual para abertura de inquérito civil.
“O Procon está analisando a possibilidade de limitar. Ainda não definiu, mas nós vamos analisar só depois das fiscalizações junto às distribuidoras”, completou Salomão.
A equipe de reportagem do jornal O Estado pesquisou postos no interior e identificou que, realmente, alguns estabelecimentos estão enfrentando essa dificuldade. Um exemplo é o Posto Campo Verde, em Três Lagoas. O funcionário Gabriel dos Santos Moura relatou chegar ao trabalho, ontem (15), e não ter encontrado nenhum tipo de combustível disponível para venda.
Em Dourados, o Posto Benjamim Oshiro enfrenta uma oscilação na reserva. Até terça-feira (15), o estabelecimento completou cinco dias sem diesel nas bombas. Ontem, a informação era de que o combustível estava chegando novamente.
“O diesel está tendo falta desde semana passada, voltou somente ontem. O abastecimento está oscilando, começou a faltar o combustível quarta-feira e acabou completamente na quinta-feira”, comentou o funcionário Thiago Oshiro.
Segundo o frentista Inoque Soarez, o Auto Posto Petrobras, localizado no mesmo município, teve escassez de álcool, na segunda-feira (14), 16h, e estão esperando o abastecimento. Diversas pessoas deixaram de abastecer no posto devido a essa carência. “Muito gente ficou sem abastecer, porque a gasolina está muito cara e tem gente preferindo o álcool, então afetou um pouco a movimentação. A procura aumentou pelo preço da gasolina”, explicou.
A reportagem tentou contato com algumas distribuidoras, mas não conseguiu contato até o fechamento desta edição.
Por outro lado, o Simpetro MS (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência de Mato Grosso do Sul) acredita que a falta de combustíveis tenha ocorrido devido à dificuldade de importar.
“Devido ao episódio da guerra, a falta de combustíveis, principalmente diesel, é mundial, está difícil importar devido aos altos preços e estoques”, disse o diretor-executivo, Edson Lazarotto.
Preços
A Petrobras anunciou um novo aumento para a gasolina, na quinta-feira (10), passando a valer somente na sexta-feira (11). Neste caso, o aumento para as distribuidoras da gasolina foi de 18,8%, saindo de R$ 3,25 o litro para R$ 3,86. Para o diesel, o reajuste foi de 24,9%, passando de R$ 3,61 para R$ 4,51.
Conforme a última pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), realizada entre os dias 6 e 12 de março, a média do preço do diesel em Mato Grosso do Sul está em R$ 5,74.
Em Três Lagoas, o combustível encontrado foi de R$ 5,69 a R$ 6,89 (21,09%), com preço médio de R$ 6,18. Em Ponta Porã, de R$ 5,68 a R$ 5,69 (0,18%); Nova Andradina, de R$ 5,59 a R$ 5,79 (3,58%) e preço médio de R$ 5,69.
Em Dourados, o diesel foi encontrado entre R$ 5,37 e R$ 5,99 (11,55%). O valor médio calculado pela ANP é de R$ 5,56. Em Coxim, o combustível está de R$ 5,57 a R$ 5,97 (7,18%), com custo médio de R$ 5,73.
Em Corumbá, de R$ 6,09 a R$ 6,18 (1,48% ). A média foi de R$ 6,14. Por fim, em Campo Grande, foi visto de R$ 4,99 a R$ 6,39 (28,06%), com média de R$ 5,71.
Texto: Izabela Cavalcanti com Bela Reina