Até a manhã de ontem, dois dias depois do suposto caso de racismo com o zagueiro Cristiano, o clube de Rio Brilhante não havia se manifestado oficialmente em suas redes oficiais.
Cristiano, nascido em Duque de Caxias, chegou ao Rubro-Negro em junho para a disputa da quarta divisão do Nacional. A FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), bem como os principais times do Estado, como Operário e Comercial também não se manifestaram sobre o caso.
Já a agremiação de Venda Nova-MG publicou posts de repúdio aos atos racistas. “O Rio Branco Futebol Clube também se colocou à disposição do atleta e do clube sul-mato-grossense para proceder com todas as medidas judiciais e administrativas cabíveis ao caso em tela. O Boletim de Ocorrência foi lavrado, da mesma forma, que disponibilizamos toda e qualquer imagem existente da partida que possa ser útil na identificação do culpado pelo crime aqui narrado”, cita trecho de uma das notas.
O Rio Branco também pediu à polícia local interdição da rua lateral ao estádio, onde os torcedores acompanharam a partida.
Árbitro relata em súmula
O árbitro Jonathan Giovanella Vivian, do Rio Grande do Sul, relatou na súmula da partida entre Rio Branco-VN e Águia Negra a acusação do jogador Cristiano, 28 anos, que disse ter sido alvo de ofensas racistas durante a partida disputada domingo (15) no Estádio Olímpico Perim, em Venda Nova do Imigrante (MG), pelo Campeonato Brasileiro da Série D.
No documento redigido pelo juiz do jogo, há ocorrência de que a partida foi paralisada aos 35 minutos do primeiro tempo da partida. Segundo Jonathan Giovanella, depois da marcação de um arremesso lateral, Cristiano e Montaño trocaram empurrões.
“Após este momento o jogador número 15 (Cristiano) relata à arbitragem que os torcedores presentes em caminhões estacionados fora do estádio atrás do muro de uma
das metas o ofenderam com a seguinte fala racista: ‘professor, me chamaram de macaco’”, relata o juiz.
Na sequência, informa que: “neste momento o policiamento se deslocou para fora do estádio para resolver a situação. Aproveito para informar que durante a paralisação a equipe do E.C. Águia Negra se dirigiu ao seu vestiário dizendo que não retornaria para a partida, porém, retornaram após conversa interna no ambiente do vestiário. O jogador supostamente ofendido solicitou e foi substituído alegando que não tinha condições de permanecer no jogo. Após 15 minutos de paralisação, com o retorno do policiamento e da equipe E.C. Águia Negra eu reiniciei o jogo que transcorreu normalmente até o fim”.
Ainda conforme a súmula, Giovanella diz que “não foi possível identificar o indivíduo que supostamente praticou o ato racista conforme relatado. e também, até o fechamento da súmula nada diferente do relatado foi nos informado”. Acesse também: Abel diz que estudou São Paulo e cita jogo ‘perfeito’ do Palmeiras
(Texto: Luciano Shakihama)