As tarefas acumularam e nesse momento a supermãe mostrou que sua força vai muito além
Quanto poder uma mãe esconde? Elas educam com amor, dão carinho, conseguem contar até dez ou até um milhão se for necessário. Mães encontram paciência até onde não existe e fazem tudo isso sem perder o rebolado ou deixar as coisas desandarem. A força das mães nesta pandemia ficou ainda maior quando elas tiveram de se desdobrar e passaram a fazer o papel também de professoras, recreadoras, médicas e, em alguns casos, até psicólogas. A faceta multifuncional delas (e de sobrecarregadas) veio, mais uma vez, à tona.
Com o isolamento social para combater o novo coronavírus, as crianças foram dispensadas das aulas presenciais, assim o trabalho, as tarefas domésticas e o cuidado com os filhos acumularam. Nesse momento a supermãe mostrou que sua força vai muito além.
A autônoma Andressa Oliveira dos Santos, 27 anos, é mãe do pequeno Wilson Neto. Com o início da pandemia ela teve de se adequar e passou a ensinar o filho de 5 anos a ler. Criativa, ela criou em casa “A hora da escolinha”. “Tive de entrar com a parte escolar pois a idade dele é a fase da alfabetização e infelizmente houve um regresso. Com medo de essa situação permanecer não tive outra saída e resolvi fazer a hora da escolinha. Não é fácil, com a mãe o filho não tem tanta atenção como na escola”, comenta aos risos.
“A hora da escolinha”, segundo Andressa, não é fácil. “É muito difícil que ele se concentre somente a mim. Fazemos um combinado, ele se esforça em se concentrar e em troca a gente faz uma brincadeira nova, levo ele no parque, e assim vem dando certo”, explica. Antes da pandemia, quem ajudava Andressa com os cuidados de Wilson era sua mãe, mas com o passar do tempo a vovó estava sobrecarregada e precisava de um descanso; a alternativa foi sair do serviço e abrir seu próprio empreendimento.
“Percebi que ela estava cansada, então resolvei sair do meu emprego para me dedicar e estar com meu filho. Porém não podia ficar sem trabalhar, então resolvi montar um studio de sobrancelhas no salão da minha mãe, para conseguir trabalhar e estar com ele no mesmo local”, relembra. A missão mãe nem sempre é fácil, mas Andressa consegue superar os desafios com um sorriso no rosto e amor. amor no coração. “É difícil, as vezes fico sem paciência mas logo passa. Eu vejo no olhar dele o quanto está sendo difícil a falta da rotina escolar e dos amigos”, finaliza.
Relato de uma mãe solo na pandemia
Adriana da Silva Araujo, 41 anos, é gerente administrativa e empreendedora. Mãe solo, ela trabalha fora o dia todo e sua rotina começa bem cedinho, às 5h20. Ela arruma a lancheira e coloca a filha no banho, tudo bem rápido para não chegar atrasada ao trabalho. A pequena Joanna Araujo Guerra, 7 anos, estuda de manhã, mas, mesmo tendo aula presencial, a pandemia ensinou Adriana a ser professora, orientadora psicológica e recreadora.
“É cansativo, só temos o período da noite para fazermos as tarefas. Temos de repassar as aulas, Joanna nesse período já está bem cansada e eu também, fora as tarefas de casa como fazer janta, arrumar roupa, essas coisas”, relata.
Mãe solo, Adriana teve de criar um método para organizar a rotina de trabalho, escola e casa. Respirar fundo é o método que vem dando certo. “A maioria das vezes acho que vou surtar com a sobrecarga do dia, mas respiro fundo e tento manter o equilíbrio, porque não tem como descontar na minha filha”, revela.
Durante a semana as atividades são divididas: dentro do carro, no caminho para casa, as duas já repassam alguns conteúdos da escola e aos fins de semana Adriana se esforça para ter um tempo de lazer com sua parceira da vida. “Tenho uma loja virtual, como trabalho mais focada nela, aos fins de semana Joanna sempre está comigo para que possamos ter tempo juntas. Além disso nós assistimos a filmes, clipes ou andamos na praça”, conclui.
Texto: Bruna Marques