Consciência Negra: 6 livros para você ler não apenas no 20 de novembro

Buscar e disseminar esse conhecimento é um ato de resistência e de transformação social

Em 20 de novembro de 1695 o Brasil perdeu um dos seus primeiros ícones de resistência negra, Zumbi dos Palmares. A data serviu como marco para o Dia da Consciência Negra, projeto idealizado pelo professor porto-alegrense Oliveira Silveira (1941-2009), reconhecido legalmente apenas em 2011.

Segundo último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2018), 56,10% das pessoas se declaram negras no Brasil. Mas, apesar de esse grupo representar a maior parte da população brasileira, infelizmente a história do povo negro e a reflexão sobre a Consciência Negra ainda são pautas para algumas datas do ano. A ampliação deste diálogo nas escolas, no sistema educacional e no debate público é urgente, não apenas no 20 de novembro.

“Uma das formas de iniciar essa reflexão é através da literatura, que nos traz obras marcantes para a compreensão da história e do contexto atual da população negra. Buscar e disseminar esse conhecimento é um ato de resistência e de transformação social”, aponta Paulo Sergio Gonçalves, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Estácio.

Por isso o docente, que também é doutorando em Literaturas Africanas, indica seis livros para ler, não apenas no 20 de novembro, e que vão ampliar sua consciência sobre a situação da negritude no Brasil. 

“O Genocídio do Negro Brasileiro” (Abdias Nascimento) – o autor foi uma das mais destacadas vozes na luta pelos direitos dos negros no Brasil. Também atuou como ator, poeta, escritor, artista plástico e, na política, foi deputado federal de 1983 a 1987 e senador da República de 1997 a 1999 pelo PDT. O livro desmascara o mito da democracia racial por meio de artigos apresentados num congresso na Nigéria.

“Tornar-se Negro” (Neusa Santos Souza) – a psiquiatra e psicanalista escreve esta obra sobre a questão racial no Brasil, onde nos apresenta um estudo teórico, com relatos de sua vivência a respeito da vida emocional do negro em nosso país. A obra trata de questões tais como a autorrejeição do negro nos sentimentos de inferioridade e nas convenções de beleza exterior. Uma obra valiosíssima.

“Dossiê Mulheres Negras: Retrato das Condições de Vida das Mulheres Negras no Brasil” – valiosa obra que traz artigos que tratam da condição de vida da mulher negra em nosso país num projeto idealizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). É possível ter acesso à obra na internet de forma gratuita.

“A Integração do Negro na Sociedade de Classes (Florestan Fernandes) – livro publicado no ano de 1964 pela primeira vez. A obra é a tese de doutorado de Florestan e é considerada a tese mais famosa já defendida na USP. O livro traz uma abordagem que representa uma virada histórica na imagem que o Brasil apresentava de si próprio, ou seja, aqui Florestan discute a democracia racial como um mito construído através dos tempos. É um marco da Sociologia no Brasil.

“Raízes do Brasil” (Sergio Buarque de Holanda) – livro publicado em 1936, é uma importante obra para se conhecer o processo de formação da sociedade brasileira. Sergio nos fala sobre o legado colonialista que se mostra como um obstáculo para o estabelecimento da democracia em nosso país.

“O Mito da Democracia Racial – Um Debate Marxista sobre Raça, Classe…” (Wilson Honório da Silva) – livro que combate a perspectiva da democracia racial no Brasil, que diz que vivemos num país sem racismo.

(Bruna Marques)

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