O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Rolando Alexandre de Souza, disse hoje (19) que a modernização tecnológica da corporação é uma de suas prioridades à frente do órgão. De acordo com ele, a digitalização dos inquéritos policiais e a otimização dos sistemas e processos de investigação são necessários para o enfrentamento ao crime organizado – principalmente em um cenário em que, segundo ele, “os crimes virtuais tendem a aumentar”.
“Buscamos rapidez e profundidade nas investigações. Se eu acelero demais, posso não chegar a todos os membros da organização criminosa. Mas não adianta solucionar um crime três ou quatro anos depois da ocorrência do fato”, disse Souza ao participar da abertura do 3° Simpósio Internacional de Segurança, evento online coordenado pela Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), e que ocorre até esta quarta-feira (21).
“A investigação tem que ser rápida e profunda, abarcando a todos. E só existe uma forma de conseguir rapidez e profundidade: usando tecnologia; sistemas modernos de cruzamento de dados. Isso nos torna mais eficientes”, acrescentou o delegado-geral, ao comentar a necessidade da Polícia Federal desenvolver ou adquirir equipamentos e sistemas tecnológicos modernos.
Segundo Souza, mais de 70% dos inquéritos instaurados pela PF já estão digitalizados. “Esperamos chegar a 100% até o fim deste ano. No momento em que atingirmos isto, seremos a polícia mais digitalizada dos mundo. Nem o FBI [do inglês Departamento Federal de Investigação, dos Estados Unidos] está tão digitalizado”, afirmou o diretor-geral, comentando que estudos apontam um ganho de eficiência de até 50% nas investigações digitalizadas.
Souza também relatou como o acesso às modernas imagens de satélite contribuem para agilizar investigações, evitando deslocamentos desnecessários de equipes policiais. “Temos condições de desbaratar dezenas de crimes usando imagens de satélite para ilícitos ambientais, garimpo ilegal, corrupção. É possível ver tudo isto pelas imagens de satélites que recebemos todos os dias”, afirmou. Ele citou como exemplo, o acompanhamento a distância de obras públicas de infraestrutura.
“A construção de uma rodovia, por exemplo. O responsável pela obra já recebeu 70% do valor correspondente ao serviço, mas analisando as imagens de satélite, observamos que o trecho construído não corresponde à execução orçamentária”, disse. Segundo o diretor, um agente federal capacitado pode acompanhar a execução de um empreendimento contratado com dinheiro público.
De acordo com o corregedor-geral da PF, o delegado João Vianey Xavier Filho, a PF recebe, em média, cerca de 100 mil notícias crime anuais e instaura cerca de 50 mil inquéritos todos os anos. Para ele, a conclusão da implementação do Sistema de Gestão da Atividade de Polícia Judiciária (ePOL), que, desde 2016, vem permitindo a digitalização dos inquéritos policiais, é importante para garantir a celeridade e a eficiência das investigações, evitando “gargalos”.
“O ePOL é basicamente o projeto que busca tornar eletrônico nosso principal instrumento, que é o inquérito policial, que documenta todo nosso esforço de investigação. Não adiantaria nada termos tecnologias avançadas de interceptação telefônica, utilizar imagens satelitais e cruzamento autômato de vários bancos de dados se tivermos que documentar, em papel, todo este esforço investigativo”, disse Vianey,
“É muita informação para trabalharmos. Se não nos modernizarmos, seremos soterrados pelos problemas e pela quantidade de crimes que chegam a PF”, afirmou Rolando Souza. Se acordo com o diretor, neste ano o percentual de crimes resolvidos pela PF chegará aos 78%, o que, segundo ele, é um recorde. “Isso ocorre graças à modernização, mas ainda precisamos deixar a PF totalmente digital, nos preparando para o que está por vir, pois os crimes virtuais tendem a aumentar.”
(Agência Brasil)
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