Os últimos 5 pacientes ficaram apenas 2 dias internados após contágio
Com dez vítimas mortas pelo coronavírus anunciadas apenas nos últimos cinco dias, Mato Grosso do Sul bateu a marca de 34 óbitos registrados desde o início da pandemia, já que em dois casos as mortes ocorreram em outros estados. Com isso, cresce também a preocupação da população sobre um aumento da letalidade da doença. Com as novas mortes, o tempo médio de internação dos pacientes que não superaram o COVID-19 caiu para nove dias.
Nos novos casos anunciados, nada menos que cinco pessoas morreram em até dois dias depois de confirmada a sua contaminação, o que fez a média atual cair dos cerca de 14 dias na média de tempo de internação dos casos de morte.
Segundo Celso Granato, médico infectologista e docente aposentado da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), esse tipo de cálculo tem duas funções: mostrar uma evolução da doença e atender a demanda de leitos. “São duas coisas diferentes, mas que se completam”, explicou Granato.
“Ou seja, analisando friamente a cadeia de dados dos dias de internação, pode-se estabelecer o alerta para um endurecimento do vírus, avaliar se ele se tornou mais potente e daí traçar estratégias de combate mais duro, inclusive com a quantidade de leitos de internação disponíveis.”
De acordo com os dados divulgados pela SES (Secretaria de Estado da Saúde), até o dia 20 de maio, quando o Estado atingiu metade das mortes atuais – 17 vítimas –, houve apenas um caso de paciente com coronavírus que morreu no dia seguinte a ser internado com a doença. Até então, os pacientes que vieram a morrer com o COVID-19 ficavam, em média, 11 dias internados. Apesar de maior que a estatística atual, são necessárias duas ponderações.
Uma delas é a do período de distanciamento entre os casos. Essa primeira metade das mortes foi alcançada em pouco mais de dois meses acumulados. Os outros 16 casos aconteceram nos últimos 25 dias apenas. Além disso, no período inicial da doença foram registrados os maiores períodos de internação, todos de Campo Grande. Uma idosa de 74 anos ficou 40 dias sob observação até seu falecimento, em 3 de maio. Três dias depois, uma também idosa, de 95, morreu após 20 dias seguidos sob cuidados médicos.
“Por ser uma doença nova, sem cura por tratamento farmacêutico, sem pesquisa estabelecida, é muito difícil apontar o quanto tempo ela pode ser letal. Digamos que quanto antes as pessoas forem testadas e isoladas, evitando sua propagação é o ideal a se responder e fazer. Fora isso é tudo achômetro, mas com prevenção”, estabeleceu Granato. Um achismo que pode direcionar o uso de leitos, por exemplo, da rede pública. O Estado tem hoje 82 pessoas internadas ao todo com COVID19, dos quais 20 estão em leitos clínicos públicos e 21 nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) sob responsabilidade da gestão estadual ou dos municípios, gerando uma taxa de ocupação de 7,2% e 19,6%, respectivamente.
Mas, como o ditado mostra, toda regra tem sua exceção. Em Mato Grosso do Sul, a orientação do infectologista da Unifesp faz muito mais sentido pelo fato de que, em todos os quatro casos de morte de pessoas que não tinham nenhuma condição preexistente que pudesse agravar o quadro, elas não ficaram mais do que cinco dias internadas. Três delas, inclusive, ficaram apenas dois dias em observação médica. “São casos típicos de pessoas que só procuraram o sistema de saúde quando o quadro estava muito mal. É a tônica dos relatos no Brasil desde o início”, concluiu o especialista.
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(Texto: Rafael Ribeiro/Publicado por João Fernandes)