Vilão da inflação em julho, litro do leite varia até 122%

Um dos produtos queridinhos dos brasileiros, o leite foi o vilão da inflação de julho em Campo Grande. A tradicional pesquisa de preços do jornal O Estado, realizada em seis estabelecimentos da Capital, revelou que o valor de 1 litro do produto varia até 122,6%, podendo custar entre R$ 2,69 e R$ 5,99 dependendo da marca. Já com o leite em pó de 400 gramas os preços ficam entre R$ 19,50 e R$ 5,29 (268%).

O primeiro local pesquisado foi o supermercado Walmart, localizado na Avenida Mato Grosso, bairro Cruzeiro. Lá, os dois produtos mais caros foram: Leite Itambé Cálcio ou Ferro (R$ 4,98) e o Leite Ninho (R$ 4,19). Já os dois mais baratos foram: Leco Semidesnatado (R$ 2,89) e Great Value Integral (R$ 2,69). O leite em pó mais em conta foi o Itambém 400 gramas (R$ 9,79) e menos em conta o Molico 400 gramas (R$ 15,90).

No Extra, da Rua Joaquim Murtinho, no Tiradentes, os litros mais caros custaram: R$ 4,99 (Ninho) e R$ 3,89 (Piracanjuba Integral). Ainda no mesmo local, os dois valores mais baixos foram: R$ 2,69 (Marca Compleite) e R$ 2,89 (Italac Integral). No leite em pó, os preços ficaram entre R$ 10,49 (Piracanjuba 400 g) e R$ 19,50 (Itambé integral 400 g).

Na unidade do Comper da Rui Barbosa, no bairro Santo André, os dois litros mais caros saem a R$ 4,59 (Itambé Cálcio e Ferro) e R$ 4,29 (Ninho Integral). Os mais em conta registrados foram: R$ 2,89 (LeitBom Integral) e R$ 2,79 (LeitBom Semidesnatado). No leite em pó, os preços ficam entre R$ 7,99 (Piracanjuba 400 g) e R$ 12,99 (Ninho 400 g).

Já no Assaí, da Avenida Fabio Zahran, no Jardim América, os dois litros mais caros ficaram entre R$ 3,95 (Nestlé Melico) e R$ 3,38 (Piracanjuba integral). Os mais em conta foram: R$ 3,09 (Nenê) e R$ 2,79 (LeitBom integral). No leite em pó, os valores mais baixo e alto, respectivamente, foram R$ 5,29 (Piracanjuba Ótimo) e R$ 12,49 (Ninho instantâneo).

E por último, o supermercado Pires, da Rua Anchieta, na Vila Piratininga, cujos preços mais altos no litro foram: R$ 5,99 (Ninho zero lactose) e R$ 3,99 (Piracanjuba Zero Lactose). Já os mais acessíveis: R$ 3,09 (Nenê) e R$ 2,79 (LeitBom Semidesnatado). No leite em pó, o preço mais “salgado” foi de R$ 13,95 e o mais barato de R$ 5,49 (Marca Merilú).

Preços instáveis

Na análise do coordenador do Nepes (Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais), da Uniderp, Celso Correia de Souza, a relação oferta e demanda foi decisiva para a configuração do cenário. “Os preços do leite ao consumidor têm apresentado alguns descompassos, em vista do baixo consumo do produto que vem ocorrendo atualmente. O primeiro é que haveria uma recuperação do consumo de leite em 2019, o que não está ocorrendo; segundo, é que existia uma expectativa de queda de produção neste ano, o que também não se concretizou. Por conta da expectativa de que poderia faltar leite no mercado consumidor, os preços dos insumos foram reajustados preventivamente, encarecendo a produção”, explica.

Ainda segundo ele, o setor produtor enfrenta dificuldades desde o começo do ano para se ajustar. “O mercado consumidor não respondeu à alta no preço do leite no início do ano. Desse modo, as indústrias, não conseguindo colocar seus produtos no mercado, aumentaram os seus estoques. Com a demanda enfraquecida e o menor poder de compra dos consumidores, isso tem limitado a alta dos preços do leite no campo. Indústrias e laticínios continuam com dificuldades para repassar a valorização da matéria-prima para os derivados lácteos sem prejudicar as vendas”, destaca.

Ele ainda acrescenta que mesmo com a menor oferta de matéria-prima e com as perspectivas de diminuição da captação até julho, a expectativa do setor é de que os preços não subam significativamente. “Ocorre que a ‘safra’ de leite já está começando, principalmente no Sul do Brasil, onde já é maior a oferta de matéria prima e, sem perspectivas de aumento no consumo neste momento, o desafio do setor passa a ser realinhar as posições de custo da matéria- -prima. Está difícil equilibrar a oferta com a demanda de leite a fim de adequar os preços de venda ou, então, ajustar os custos de compra. Uma das saídas para este momento de oferta maior que a demanda pode vir justamente das exportações do nosso leite, que se encontra competitivo com o produto externo”, finaliza. (Michelly Perez)

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