Pessoas com deficiência também estão no grupo de risco ao coronavírus

Pacientes precisam tomar alguns cuidados para não serem infectados com a doença

Apesar de pouco se falar, pessoas com deficiência também fazem parte do grupo de risco ao coronavírus e a questão exige atenção. No Brasil, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), quase 22% da população, ou seja, 45 milhões de cidadãos têm algum tipo de deficiência. Somente na Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), de Campo Grande, são atendidos cerca de 3.000 crianças portadoras de necessidades especiais.

É preciso levar em conta a frágil condição destes pacientes, as deficiências são classificadas como leve, moderada ou severa, os riscos e os cuidados variam de acordo com o grau de dependência. De acordo com a neuropediatra, especialista em Neurologia Infantil, Maria Eulina Quilião é preciso redobrar a atenção a esse público, que depende, muitas vezes, de cuidados diários de home care e equipe terapêutica para as atividades rotineiras, como os portadores de paralisia cerebral.

“As pessoas, dependendo de sua deficiência, apresentam maior risco de infectar-se pelo coronavírus, por exemplo, um portador de paralisia cerebral, apresenta desnutrição, com baixa imunidade, ambos devido a espasticidade e dificuldade em engolir, associado frequentemente a processos pulmonares crônicos por excessiva secreções. Esta maior tendência já não se observa nos portadores transtorno espectro autista. Por serem na sua maioria dependentes de terceiros, além da baixa imunidade, necessitam de maiores cuidados e proteção que seus pares, ditos normais.”, explica a especialista.

Com a disseminação do vírus é de extrema importância à higiene no manuseio a esses pacientes e o momento, segundo a médica, exige cautela quanto à exposição desnecessária dos portadores. “A questão da higiene no manuseio a esses pacientes é fator crucial de proteção, assim como tomar todas as medidas sugeridas pela Organização Mundial de Saúde. O momento exige cautela quanto à exposição desnecessária de todos nós, mas principalmente dos que tem imunidade mais delicada como a maioria dos portadores de necessidades especiais”, revela a neuropediatra.

Ela ressalta, principalmente, a importância dos profissionais redobrarem a atenção nas visitas às internações domiciliares. Terapeutas, cuidadores e familiares, necessitam de orientações adequadas para proteger este grupo, que é de risco, e tem sido desconsiderado, na melhor das hipóteses a um segundo plano.

“Se possível troquem de roupa antes de entrarem no quarto do paciente, utilizem máscaras e luvas, respeitem a distância considerada segura entre as pessoas, lavem as mãos de forma correta e utilizem o álcool em gel em todas as áreas de contato dos equipamentos”, orienta.

Quando falamos dos portadores de Síndrome de Down e de Transtorno do Espectro Autista é importante que os familiares e equipe terapêutica incluam na rotina dessas pessoas o ensino das medidas preventivas básicas, como o tempo correto de lavar as mãos, os detalhes nesse aprendizado são importantes.

Mas lembre-se, é preciso manter a calma para não causar ansiedade nesses pacientes, uma vez que a agitação pode comprometer a imunidade dos assistidos. “Independente da deficiência, é preciso manter a calma para não gerar quadros de ansiedade nesses pacientes, assim como em todos nós. Mais uma vez há que ressaltar-se a importância de seguir as orientações da OMS”, esclarece.

Além disso, uma vez que apresentam dificuldades em se comunicar, os familiares e cuidadores devem observar sempre todos os sinais de desconforto que eles venham a apresentar e que podem indicar a contaminação pelo COVID-19: dificuldade de respirar, febre e tosse seca.

(Texto: Bruna Marques/Publicado por João Fernandes)

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