Alguns animais reagem mal à presença constante dos tutores em casa, mas existem formas de amenizar o problema
No isolamento social, a rotina da casa se mistura entre afazeres domésticos, trabalho e lazer. Nesse turbilhão vivido por boa parte da população, os animais domésticos acabam tendo suas rotinas alteradas. Os gatos, que são animais mais territorialistas e têm rotina muito bem definida por sua própria natureza, podem sofrer ainda mais.
Para entender como este período afeta a vida dos gatos, o professor do Curso de Medicina Veterinária da Uniderp Marcelo Monteiro elencou mudanças de hábitos dos felinos que podem ocorrer neste momento de pandemia.
O gato é um animal que gosta de rotina. Eles acordam, brincam, se alimentam e dormem normalmente nos mesmos horários e fugir das práticas corriqueiras, pode se tornar um problema na vida do “bichano”.
“Em alguns casos, o local onde o gato dormia no meio da tarde, por exemplo, é onde o tutor está trabalhando agora, além disso a casa ficou muito mais movimentada. O animal antes ficava no silêncio e agora precisa enfrentar uma movimentação, crianças que não estão indo para a escola, tudo isso pode fazer com que o animal se sinta estressado”, explica Marcelo.
Uma das formas que os gatos podem usar para demonstrar que estão estressados é se escondendo. Geralmente debaixo de um móvel, dentro do guarda-roupa, onde ninguém vai ficar incomodando ele com facilidade. Outro sinal que o gato pode apresentar é a agressividade, mesmo para os animais mais dóceis. “O gato tolera que você o aperte uma vez, duas, mas vai chegar uma hora que ele vai morder, arranhar, como uma forma de defesa”, complementa o docente.
Doenças emocionais podem se tornar doenças físicas
Assim como em humanos, doenças emocionais podem se tornar físicas nos gatos. “É muito comum que o gato que está em um constante estresse desenvolva cistite, que é a inflamação na bexiga. Alguns gatos, por exemplo, começam a se lamber compulsivamente, arrancando os próprios pelos, outros param de se alimentar e também para aqueles com doenças preexistentes, como doença renal crônica, que são doenças infecciosas que deixam a imunidade dos gatos portadores mais baixa. Quando adicionamos o fator estresse, as doenças que estavam controladas, podem ser agravar”, afirma o médico-veterinário.
A melhor forma de o tutor contribuir para que seu gato fique tranquilo é tentando manter sua rotina. De manhã, se estão mais agitados, geralmente acordam e ficam correndo, é a hora de dar um carinho, brincar, respeitando o momento do felino. “Quando o animal estiver dormindo, relaxado, evite mexer com ele ou tentar acordá-lo, porque isso o incomoda. Uma dica é colocá-lo num local que se sinta abrigado, onde não tenha muito barulho e gente passando”, aconselha. O ideal é levar ao médico-veterinário.
(Texto: Bruna Marques)