Doença deixa lesões vermelhas e descamativas no corpo
“Aprendi a me reinventar em cada situação, aprendi a enfrentar cada limitação que a doença me causava e isso me tornou mais forte para correr atrás do que eu quero. Não deixo a doença ditar as regras da minha vida”. Esse é o relato da estudante Ingrid Barbosa Ferreira, de 24 anos, que convive com a Psoríase a pouco mais de duas décadas.
Ela conta que aos dois anos, as manchas começaram a aparecer em seu rosto. A partir de então, se consultou com mais de dez dermatologistas até descobrir o que realmente tinha. Após ter passado pelos tratamentos mais simples, agora ela está no mais avançado, que é a aplicação de injeções de imunobiológico, que se chama Secuquinumabe.
De acordo com a médica dermatologista e alergista Maria das Graças Spengler, a Psoríase é uma doença genética e imunologicamente mediada, podendo ter casos da doença na família.
“Existem fatores que podem desencadear ou agravar os sintomas nos indivíduos geneticamente predispostos, como alguns medicamentos e o estresse, por exemplo. É uma doença crônica e o acompanhamento vai ser determinado pelo médico que acompanha o paciente”, acrescenta a doutora.
Tratamento
Ainda conforme a profissional, existem diferentes apresentações clínicas para a mesma doença e o tratamento varia de acordo com as manifestações apresentadas em cada pessoa.
O tratamento vai depender da gravidade de cada caso, se são formas localizadas e difusas, classificadas em leve, moderada e grave. “Basicamente são usados corticoides tópicos nas formas localizadas e leves e imunossupressores ou imunobiológicos nas formas extensas, moderadas ou graves. Fototerapia, retinoides orais, hidratantes também são outros tratamentos”, explica.
Sintomas
Segundo Maria das Graças, a maioria dos pacientes apresentam lesões vermelhas e descamativas. Os lugares do corpo mais frequente são o couro cabeludo, joelhos, cotovelos, unhas, palma das mãos e pés. Além também do lado mais externo dos antebraços e pernas.
No caso de Ingrid, a pele ardia bastante, chegando até sangrar devido ao atrito com a roupa. O couro cabeludo escamava, as unhas estavam fracas e em formato irregulares. Além disso, ela também sentia cansaço e calor.
Em dezembro de 2019, a estudante usou corticoides sem ajuda médica, acreditando que ficaria livre da doença por um tempo. Porém, ocorreu um efeito rebote, com a Psoríase acometendo 79% do seu corpo e deixando na carne viva.
Preconceito
A cada fase de sua vida, Ingrid tem lembranças de momentos vividos, que hoje fizeram com que ela se tornasse uma mulher forte e emponderada.
Em um dos momentos, ela lembra que já pediram para que saísse da piscina de um clube, pois os outros banhistas estavam incomodados com sua pele. Já teve mãe que bateu no filho por ele ter encostado nela. Palavras como “perebenta e sarnenta” também foram ouvidas por diversas vezes.
Em março, ela decidiu postar conteúdos sobre a doença em seu perfil do Instagram (@ingrid_bf), com o objetivo de acolher pessoas que tem Psoríase e defender a causa contra o preconceito.
“Quando me falavam sobre “se aceitar” eu sentia que tinha que amar a psoríase, mesmo ela sendo o que mais me fazia mal. Hoje, consigo entender que é acolher o que tenho, fazer o que está ao meu alcance para que eu seja protagonista do meu tratamento”, finaliza.
(Texto: Izabela Cavalcanti)