A mensagem não poderia ser mais clara: “não deixem minha filha morrer. Comprem logo o medicamento”. O apelo de Andréa Fernandes, 46 anos, é para que sua primogênita Vitória, de nove aninhos, consiga chegar aos 10 com saúde e dignidade. Há seis meses, a matriarca não consegue mais adquirir os remédios de uso contínuo que a filha especial tanto precisa, isso por meio da Casa da Saúde.
O motivo? “Falta de estoque”, é o que alegaram.
“Assim eu como mãe devo cuidar dela, é obrigação o governo estadual ter o medicamento a pronta-entrega. Mas não é o que vem ocorrendo. Obra que é boa MS tá cheia, mas salvar uma criança à beira da morte… daí já é complicado, não é mesmo?”, reclama Andréa sobre os “dois pesos, duas medidas” que enfrenta por sua “Vic”, isto é, sobre tamanha injustiça.
Desrespeito que faz lágrimas escorrem da mãe e a conta aumentar no próprio bolso. Em entrevista exclusiva ao O Estado Play, ela pontuou o gasto mensal de aproximados R$ 400 que paga para que a filha não fique a míngua e tome o duplo medicamento que a Assistência Farmacêutica Especializada – de responsabilidade do Governo do Estado – deveria arcar.
“São dois remédios controlados de dosagem específica que ela tem que tomar, Topiramato 25 mg e Clobazam 10 mg. Sem eles, as convulsões só aumentam e ficam ainda mais fortes. Liguei inúmeras vezes na Casa da Saúde e resultado é o mesmo: dizem não tem nem previsão de voltar ao estoque. Estamos há um mês sem Topiramato e seis sem Clobazam”, descreve.
Para contextualizar: Vitória ainda não tem diagnóstico confirmado, mas desde os sete meses de vida sofre com crises epiléticas (convulsões) de grave intensidade. Segundo a mãe, os médicos apontam não-oficialmente para um possível caso de síndrome de Dravet, que é uma encefalopatia (doença que afeta o cérebro) de cunho epilético.
De lá pra cá, as crises vêm se agravando e a filha corre risco de adquirir uma paralisia cerebral caso fique de fato sem o medicamento. Dessa forma, Andréa parou de trabalhar como promotora de vendas e agora se encontra 100% em casa no cuidado da filha.
“Ela depende de mim. Porém, cada vez mais fico apertada, pois não é o só esses dois medicamentos que tenho que pagar. Já são três anos que estamos legalmente dentro da Casa da Saúde. Então por que agora? Por que minha filha não está mais sendo uma prioridade?”, finaliza.
O Estado Play tentou contato telefônico com a Casa da Saúde de Campo Grande e com a SES (Secretaria de Estado de Saúde), pasta responsável pela unidade farmacológica. Entretanto, não tivemos retorno até o fechamento dessa matéria.
Confira a entrevista completa na reportagem de Itamar Buzzatta: