O professor de ética e saúde mental revela detalhes sobre o curso de prevenção ao suicídio
A TV O Estado Play abriu espaço, mais uma vez, para falar de assuntos sérios: a depressão e a prevenção ao suicídio. Nesta edição, quem deu detalhes sobre o assunto com o radialista João Flores Júnior foi o professor e Bombeiro Militar Edilson dos Reis, pioneiro há mais de 30 anos na área de estudo dos temas e que destacou o prejuízo que o estigma à pessoas doentes traz.
Edilson organiza palestras em todo o Brasil e foi o primeiro a implantar um curso de prevenção ao suicídio no País. Na conversa, ele destacou o preconceito e o estigma da depressão dentro da sociedade, sobre a nova geração e os cuidados da população durante e após a assolação provocada pela COVID-19.
O servidor há anos pelo Hospital Universitário da UFMS (Universidade federal de Mato Grosso do Sul), ele alertou que é sempre preciso falar da depressão e outros sintomas psicossomáticos. ”Não é só no mês de setembro que devemos discutir o assunto, existem quase 40 tipos de depressão, com várias comorbidades e outras patologias que potencializam o desejo de não existir mais”.
De acordo com Reis, MS é o terceiro Estado do Brasil com maior taxa de suicídio a cada 100 mil habitantes. ”A faixa etária que mais cresce hoje está entre crianças de 5 anos a jovens com 19 anos de idade”.
”A depressão pode ser leve, moderada, crônica ou severa. E pior, ela é progressiva e sistêmica, atingindo homens, mulheres, crianças e idosos de todas as camadas sociais”.
Durante a conversa, Reis avisou o impactos da ignorância das pessoas quando o assunto é a depressão. ”As pessoas ainda têm o estigma que depressão é coisa de louco. Mas não, quem sofre são pessoas que precisam serem diagnosticadas e tratadas. Quem toma os medicamentos está sob o tratamento apenas para ter qualidade de vida e não para outras ocasiões”.
”A grande preocupação é com quem pensa que a depressão nasce porque a pessoa quer. Mas não, a depressão é uma doença que carrega outras patologias. Como as síndromes ansiosas, uma grande potencializadora de dor e sofrimento psíquico”, alertou.
”Uma pessoa que sofre de depressão deve ser respeitada e ter perseverança. O benefício é muito grande, pois o tratamento é para que ela entenda que o sofrimento é hoje e que tudo pode melhorar. Porém, o estigma da sociedade impede que as pessoas falem sobre o sofrimento, pois uma dor não compartilhada dói muito mais”, enfatizou.
De acordo com o professor, a cura existe em alguns casos, mas a depressão e a ansiedade têm tratamento que ajuda a melhorar o humor do sujeito. Mas, para isso, a pessoa depressiva deve buscar um psicodiagnóstico emitido, de preferência por um psicológico ou psiquiatra com registro do Conselho Regional de Psicologia, Psiquiatria ou Medicina.
Curso de prevenção ao suicídio
Durante a entrevista, Reis comentou sobre o curso de extensão idealizado por ele e promovido dentro da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Lá, ele explica desde o comportamento diante uma crise suicida até técnicas da negociação com pessoas. Além de todo o processo do tabu envolvendo o suicídio.
O edital com as inscrições para o curso de extensão será lançado no próximo mês e tem data de início para março de 2022. São 70 vagas para toda a população acima de 18 anos, mas com critérios especiais para agentes comunitários, profissionais da área de saúde, professores, educadores, profissionais da segurança pública e líderes religiosos.
Confira a entrevista completa: