População solicita melhorias nas estruturas dos pontos de ônibus

Ponto de ônibus
Foto: Valentin Manieri

Capital tem 4 mil unidades que, sem padronização, vão de estaca de madeira a cobertura ‘domus’

Desde o dia 18 de abril que os campo-grandenses que utilizam o transporte coletivo começaram a contar com o primeiro trecho do Corredor Sudoeste, localizado nas ruas Guia Lopes/Brilhante/Marechal Deodoro. Após a inauguração, as más condições dos pontos de ônibus, que deveriam servir de abrigo durante o tempo de espera, voltaram a chamar a atenção dos moradores. A equipe de O Estado foi às ruas e identificou que muitos sequer possuem cobertura, acessibilidade, piso e quem dirá um local para se sentar. A Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) informou que ao todo são mais de 4 mil pontos distribuídos pela Capital.

Cabe relembrar que, em 2019, a Prefeitura de Campo Grande iniciou a instalação de 500 novos abrigos de ônibus com o investimento de R$ 2.121.845,00, oriundos do recurso do Projeto de Mobilidade Urbana. Na época, a Prefeitura de Campo Grande contabilizou que havia 3.479 pontos de ônibus, sendo 2.097 com cobertura e 1.382 sem. Atualmente, os pontos cobertos podem ser observados nas cinco estações de pré-embarque instaladas nas ruas Guia Lopes e Brilhante.

O projeto de mobilidade urbana por meio dos corredores exclusivos para o transporte coletivo contemplam a instalação de 16 estações ao custo de R$ 831.381,2. Serão três estações de 10 metros de comprimento e 13 de 5 metros, com 2,5 metros de cobertura. As estações maiores terão 15 assentos e as menores, 6 bancos, além de uma estrutura de concreto onde os usuários também poderão se acomodar.

Mesmo assim, o que se vê pelas demais ruas da cidade são pontos em más condições de uso e sem padronização, que vão desde uma estaca de madeira a pontos obsoletos com treliça enferrujada e cobertura “domus”.

O jornal O Estado, questionou a Agetran sobre qual seria o custo estimado para a manutenção e modernização dos pontos de ônibus. No entanto, a assessoria de imprensa não soube informar. Em nota informaram:

“A manutenção dos pontos de parada do transporte coletivo é realizada por equipe própria da Agetran, composta por seis colaboradores, demais custos de materiais não mensuráveis”

Sobre quais obras ou melhorias estariam em andamento, a agência citou a implantação dos corredores de ônibus. “As melhorias principais são a execução dos corredores com estações adequadas para o conforto e a segurança dos passageiros, além da retomada da licitação para reforma dos terminais”, citaram.

Sem previsão de modernização ou substituição dos antigos pontos de ônibus, a Agetran destacou que pretende inovar no sistema de monitoramento. “Corredores de transporte e sistema de monitoramento de frota, bem como controle do sistema de transporte em tempo real”, elencaram.

Nossa equipe percorreu algumas ruas da Capital e ouviu a população que, emunanimidade, desaprovou as estruturas disponibilizadas para a espera do transporte coletivo. Na Avenida Calógeras a aposentada Lindalva Alves, 63, aguardava em um ponto de ônibus no estilo “domus”,que, por estar obsoleto, tinha sua estrutura toda deteriorada. “Está horrível. Precisa melhorar muito, a estrutura, o piso, colocar um banco pra gente poder sentar e aguardar. Os ônibus também estão demorando demais, piorou muito nos últimos anos. Eu que moro no bairro Parati, tiraram três linhas de circulação e aos fins de semana, então, quase não tem ônibus”, desabafou.

No bairro Ramez Tebet, um casal esperava o ônibus em um ponto com cobertura de Eternit toda rachada. “Está péssimo. Quando chove, então, a gente se molha em razão das goteiras no teto. Os bancos ainda não destruíram. Mas, logo aqui do outro lado da rua arrancaram tudo, à estaca, os bancos, ficou só a placa no poste. Mas o motorista não vê e passa direto”, observou Lidia Leite, 62, do lar.

Seu esposo também avaliou a condição do ponto de ônibus como péssimo. “Além disso, demora muito para passar um ônibus, preciso ir no Cem (Centro Municipal de Especialidades Médicas) e já tem 30 minutos que estou aguardando. Vou chegar atrasado, até chegar ao terminal para poder pegar outro ônibus”, apontou. Para o engenheiro e mestre em Transportes pela escola da USP (Universidade de São Paulo), Sergio Ejzenberg, os pontos de ônibus devem ser posicionados em locais seguros do ponto de vista de tráfego e também de segurança pública. “E devem ser dimensionados de forma a atenderem à demanda de passageiros esperando, e ao fluxo previsto de ônibus em hora de pico. Ponto de ônibus é quase como feira: bom quando está perto, péssimo quando está na porta”, pontuou.

Questionada sobre os critérios que são levados em conta no momento da escolha pelo local de instalação de uma unidade de embarque e desembarque, a Agetran explicou que é feito um estudo para a definição dos pontos e horários dos ônibus. “O estudo para instalação de pontos de ônibus considera o distanciamento entre os pontos e o volume de passageiros. A rota do transporte coletivo leva em consideração vias do loteamento/parcelamento, densidade demográfica e o raio de caminhada dos passageiros”, finalizou a nota.

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Impresso

Foto: Valentin Manieri

“Está crítico. Em época de chuva não tem cobertura e tem muitos locais que nem o ponto de ônibus tem para indicar. Fora o horário dos ônibus, que não batem com o do site, então tem de sair 1h antes de casa para poder adivinhar que horas que vai passar” – Priscila da Silva, 30, garçonete.

Foto: Valentin Manieri

“Péssimo. Sem cobertura, pega sol, chuva e de madrugada a gente tem de se esconder por conta dos assaltos. Não tem iluminação, sinalização e tem pouco ônibus circulando, então demora demais e, quando passam, estão sempre lotados, não consigo lugar para sentar” – Jéssica Cardoso, 23, auxiliar de serviços gerais.

 

 

Texto: Suelen Morales – Jornal O Estado

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