Inflação desacelera em abril, mas alimentos e remédios seguem pressionando o bolso dos brasileiros

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Foto: Reprodução/GA

Índice oficial fechou o mês com alta de 0,43%, a maior para abril desde 2023; em 12 meses, acumulado atinge 5,53%, acima da meta do governo

A inflação oficial no Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu 0,43% em abril, puxada principalmente pelos aumentos nos preços dos alimentos e dos produtos farmacêuticos. Apesar da desaceleração em relação a março (0,56%), o resultado é o maior para um mês de abril desde 2023, quando o índice registrou 0,61%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Rio de Janeiro.

No acumulado de 12 meses, o IPCA chegou a 5,53%, superando a marca anterior de março (5,48%) e ultrapassando o teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3% com tolerância de até 4,5%. Desde janeiro, o índice permanece acima desse limite, o que pode configurar descumprimento da meta caso o cenário persista por seis meses consecutivos, conforme regra vigente desde o início de 2025.

Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito registraram inflação positiva. Alimentos e saúde foram os que mais pressionaram, contribuindo com 0,34 ponto percentual para o resultado geral do IPCA. O grupo de alimentação e bebidas teve alta de 0,82% em abril — embora abaixo da registrada em março (1,17%) —, enquanto saúde e cuidados pessoais subiram 1,18%, influenciados pelo reajuste autorizado de até 5,09% nos preços de medicamentos a partir de 31 de março.

Mesmo com a leve desaceleração, os alimentos continuam sendo os principais vilões para o orçamento das famílias. Entre os produtos que mais encareceram estão a batata-inglesa (18,29%), o tomate (14,32%) e o café moído (4,48%). O café, aliás, acumula alta de 80,2% em 12 meses — a maior desde o início do Plano Real, em 1994. Por outro lado, itens como o arroz (-4,19%) e os ovos (-1,29%) ajudaram a conter um aumento ainda maior.

Segundo Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa do IBGE, as condições climáticas têm forte influência sobre a inflação dos alimentos. “Muitos deles tiveram questão de clima, ou chove muito ou não chove”, afirmou. “Os efeitos da natureza não tem como controlar”, observou. Gonçalves também destacou que o índice de difusão, que mostra a proporção de produtos com aumento de preços, subiu de 55% para 70% entre os alimentos pesquisados.

No grupo de saúde e cuidados pessoais, os medicamentos foram os principais responsáveis pela alta, com aumento de 2,32%. A alta geral no grupo teve peso relevante no IPCA de abril, com contribuição de 0,16 ponto percentual.

O único grupo com queda nos preços foi o de transportes, que registrou recuo de 0,38%, puxado pela forte redução das passagens aéreas (-14,15%). Esse item foi o que mais impactou negativamente o IPCA do mês, com peso de -0,09 ponto percentual. Os combustíveis também colaboraram para esse alívio, com variações negativas em todos os subitens pesquisados, incluindo óleo diesel (-1,27%), etanol (-0,82%) e gasolina (-0,35%).

“Houve redução no preço do óleo diesel nas refinarias a partir de 1º de abril e, no caso do etanol, houve avanço na safra”, explicou Gonçalves.

Ao separar a inflação por tipo de item, o IBGE apontou que os serviços — considerados pelo Banco Central como termômetro importante para a política de juros — desaceleraram de 0,62% em março para 0,20% em abril. Já os preços monitorados, controlados por políticas públicas, aceleraram de 0,18% para 0,35%, com destaque para os medicamentos. A energia elétrica residencial teve queda de 0,08%, reflexo da redução de tributos (PIS/Cofins) em algumas regiões.

O Banco Central acompanha de perto esses dados para definir a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 14,75% ao ano. A manutenção ou alteração da Selic busca conter a inflação ao desestimular o consumo.

O IBGE também divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), voltado às famílias com renda de até cinco salários mínimos, que registrou alta de 0,48% em abril. Esse indicador é usado como referência para reajustes salariais e reflete com mais intensidade o peso dos alimentos no orçamento, já que eles representam 25% do índice, contra 21,86% no IPCA.

 

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