Em 2019, Estado já abateu 2 milhões de cabeças, ultrapassando os 1,8 milhão alcançados em 2018
Mato Grosso do Sul caminha para se tornar o 4° maior produtor de suínos do Brasil. Este ano, o Estado já ultrapassou o número de abates de 2018 atingindo a marca de 2 milhões de cabeças abatidas. A criação da Frente Parlamentar o Desenvolvimento da Suinocultura auxiliará o setor nesta tarefa identificando os principais problemas da cadeia e criando políticas públicas que coloquem os empresários regionais em destaque no cenário brasileiro.
Os dados são da Assumas (Associação Sul-Matogrossense de Suinocultores). Para o coordenador do grupo, o deputado Renato Câmara (MDB), a frente deve trabalhar, inicialmente, em cima de alguns pontos principais.
“Precisamos garantir que o Estado fique livre da Aftosa sem vacinação. Isso abre um novo horizonte de novos comércios em potencial a serem atingidos. Outro ponto é a questão energética. O produtor que quer entrar no setor reclama que não tem energia segura para investir. Além disso, temos também que olhar para os gargalos de escoamento da produção, logística. Tem região que quando chove, o empresário não consegue transitar nem para trazer insumo, nem para levar a produção”, destaca.
Câmara ainda lembra que a demanda mundial espera uma carne produzida com consciência ambiental, que passou por um processo de compensação de caborno. Ele compara MS a Santa Catarina, exemplo do setor que tem um rebanho de aproximadamente 8 milhões de cabeças, citando que MS tem “a faca e o queijo na mão”. ”Lá em Santa Catarina, a criação de suínos corresponde a 25% do PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio. Eles tem problemas muito parecidos com os nossos, porém eles não produzem tanto milho, que é o principal alimento da dieta do porco. Aqui no Estado, nós temos o milho praticamente na porteira do produtor e isso é muito benéfico”.
Atualmente, a atividade gera renda a cerca de 10 mil famílias, segundo o deputado. ”Se conseguirmos aumentar isso em oito vezes, pensa no quanto a vida de outras famílias pode melhorar”. Ainda segundo ele, a cerimônia de posse dos membros da frente foi um sucesso com cerca de 200 empresários do setor presentes. “MS tem em torno de 300 empresários neste ramo, ou seja, conseguimos um número bem expressivo na Assembleia e isso é muito bom, pois para discutir políticas públicas é preciso ter interessados no assunto”, completa.
Cenário Mundial
Engana-se quem pensa que a carne bovina é a protagonista do consumo mundial. A carne suína é a mais consumida e produzida no mundo, com 113,5 milhões de toneladas, porém no Brasil a maior produção é a de aves, seguida da bovina e suína.
Nosso país é o 4° maior do mundo no setor, com 3,97 milhões de toneladas por ano e o 5° no consumo com 3 milhões de toneladas por ano. ”Ainda estamos engatinhando na produção de suínos, mas temos uma oportunidade gigante de crescer nesse setor”, afirma o presidente da Asumas, Alessandro Boigues.
Para ele, uma das estratégias para continuar expandindo fronteiras, está em focar nos mercados consumidores que mais importam a carne suína do Brasil, que são a China, Japão, México e Coréia do Sul. ‘São grandes mercados consumidores, mas que buscam fornecedores que atendam vários requisitos de biosseguridade, entre eles, que sejam livres da febre aftosa sem vacinação’.
Hoje, MS tem quase 74 mil matrizes em cerca de 34 propriedades, e crediários em outras 21, com capacidade de 127 mil cabeças. Em 2018, o Estado alcançou a maior produtividade do país.
A previsão é de que em 2023, o Estado esteja abatendo 10 mil de animais nas duas unidades frigoríficas. “Temos condição de crescer de forma sustentável devido ao perfil do suinocultor, que produz em escala, com sustentabilidade ambiental, econômica e social, com alto padrão de biosseguridade, gestão e visão empreendedora. Muitos estão interessados em ampliar”, finaliza Boigues.
Segundo divulgado pela Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), a expectativa é alcançar 177 mil toneladas de carne neste ano, o setor cresceu 128% em dez anos. Entre os fatores primordiais que colocam a suinocultura como a bola da vez, está a segurança sanitária e o empenho do suinocultor sul-mato-grossense.
”Nossas granjas são muito seguras, devido ao trabalho do suinocultor, junto aos profissionais habilitados. São 11 bases da Agência Estadual de Defesa Sanitária e Vegetal em MS, contribuindo com a manutenção de nosso elevado status sanitário e prevenindo a introdução de enfermidades”, relatou o presidente da Abraves/MS (Associação Brasileira dos Veterinários Especialistas em Suínos), Carlos Carrijo.
Fazem parte da Frente Parlamentar: Gerson Claro (PP), Londres Machado (PSD), Antônio Vaz (Republicanos), Marçal Filho (PSDB), Eduardo Rocha (MDB), Zé Teixeira (DEM), Coronel David (PSL), Herculano Borges (Solidariedade), Neno Razuk (PTB), Professor Rinaldo (PSDB), Capitão Contar (PSL), Marcio Fernandes (MDB), Lucas de Lima (Solidariedade) e Barbosinha (DEM).
(Texto: Marcus Moura)