Aulas presenciais são liberadas com vistorias nos primeiros dias

Objetivo das checagens é garantir o cumprimento de regras de biossegurança

Os alunos do ensino infantil da rede privada de Campo Grande podem voltar às aulas presenciais no dia 21 de setembro. Para isso, foi estabelecido um período de adaptação de 15 dias com vistorias para verificar o cumprimento dos planos de biossegurança. A decisão saiu após reunião realizada ontem (3) na Procuradoria-Geral do Estado, no Parque dos Poderes, com representantes da prefeitura, das escolas particulares e do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

Ao todo, o município possui 186 escolas de ensino infantil que terão que se adaptar aos protocolos, se optarem pelo modo presencial. As unidades só podem funcionar com 30% da capacidade total, o que deve atender 1,8 mil crianças de Campo Grande, segundo o secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho.

A publicação do decreto está prevista para publicação no dia 11 de setembro, mas ainda será avaliada a taxa de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), que deve estar abaixo dos 85%.

De acordo com a promotora Vera Cardoso, que coordena o Grupo de Atuação Especial de Educação, as medidas foram estabelecidas em conjunto com o município e as instituições. Se os índices necessários para o retorno forem mantidos, vistorias serão realizadas pelo MPMS e pela vigilância sanitária.

“Caso esteja funcionando [as aulas presenciais] e houver uma nova contaminação por COVID-19, o prefeito disse que vai reportar para o MPMS e, juntos, iremos avaliar, porque nenhum de nós quer que haja uma nova infecção por COVID-19 dentro das escolas”, pontou.

A promotora Filomena Fluminhan, que coordena o Grupo de Atuação Especial de Defesa da Saúde, frisou que essa decisão só foi possível devido à redução no número de casos da doença em Campo Grande.

“Há 15 dias isso não seria possível, mas os números de internação em leitos de UTI continuam caindo. Devido essa redução foi estabelecida a data, que ainda pode passar por alteração caso os números do COVID-19 voltem a subir”, afirmou.

Uma nova reunião está prevista para o dia 8 de outubro. Serão avaliados os efeitos gerados pelos planos de biossegurança. Para a presidente do Sinep (Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Mato Grosso do Sul), Maria da Glória Paim, as escolas seguem o modelo de municípios que já retomaram as aulas no Estado, como Maracaju e São Gabriel do Oeste.

No próximo mês, a presidente do sindicato estuda solicitar a retomada do ensino médio e, para isso, os resultados das vistorias devem ser positivos. Apesar de estabelecer a volta gradual, Maria da Glória pontua que os alunos devem se preparar para concorrer a uma vaga no ensino superior.

“Nós sabemos que ainda é preciso uma análise, mas já estudamos a volta das turmas do ensino médio, que em breve tem novos desafios pela frente como o Enem [Exame Nacional do Ensino Médio] e vestibulares. Mas tudo depende de como as coisas irão se comportar”, assegurou.

O ensino a distância será mantido para os pais que optarem por manter os filhos em casa. Maria da Glória destacou que cada instituição terá autonomia para definir como será feito, podendo transmitir a aula em tempo real e repassar uma gravação para o aluno ou realizar em horários alternados.

Tentativas

As aulas das escolas particulares estão suspensas desde março. Em maio, foram produzidos os primeiros planos de biossegurança e um estudo que avaliou a opinião dos pais, que, na época, se dividiam em 50% favoráveis ao retorno. No mesmo mês, a primeira reunião foi realizada para verificar a situação do município em relação ao vírus e estudar a possibilidade de retomada. Os encontros ocorrem de forma mensal, sendo esta a quinta reunião.

(Texto: Amanda Amorim)

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