Transplante renal lidera demanda por transplantes em todo Estado

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

Mato Grosso do Sul registra índice superior a 60% de negativa familiar para doação de órgãos. O transplante renal, pioneiro no Estado, continua sendo o mais procurado. Em 2024, foram iniciados os transplantes de fígado, com 57 procedimentos realizados.

De acordo com a Central Estadual de Transplantes da SES (Secretaria de Estado de Saúde), atualmente 238 pessoas aguardam na fila pelo transplante renal, 390 pacientes pelo transplante de córnea e 11 pelo transplante de fígado. No cenário em que mais da metade das famílias de potenciais doadores não autoriza a doação, de janeiro a setembro de 2025 foram realizados 218 transplantes de córnea, 39 de fígado, 16 de rim e 4 de ossos.

No mês da campanha Setembro Verde, a ABREC-MS (Associação Beneficente dos Renais Crônicos de Mato Grosso do Sul ) promoveu, ontem (24), um evento especial em alusão ao Dia Nacional do Transplante de Órgãos. O objetivo foi dar visibilidade às histórias de pacientes e transplantados, sensibilizar a sociedade sobre a importância da doação de órgãos e reforçar que a decisão, tanto do doador quanto da família, pode salvar e transformar vidas.

Durante o evento, a presidente da ABREC-MS, Cida Arroyo, destacou a importância da campanha para conscientizar a população. “Estamos dando enfoque no transplante de forma geral, e principalmente na doação de órgãos, para orientar a população sobre como proceder e como ajudar pessoas que dependem de fígado, pâncreas, coração ou rins para sobreviver. É a família que autoriza a doação, por isso é fundamental que todos conversem sobre suas decisões”, explicou.

Rodrigo Correa Gomes da Silva, enfermeiro da Central Estadual de Transplantes de MS, ressaltou que a instituição gerencia e fiscaliza todos os processos de doação e transplante no estado. “Os transplantes têm crescido pelo esforço das equipes e da Central, e nosso objetivo é expandir cada vez mais para outras modalidades”, afirmou.

A presidente da Santa Casa de Campo Grande, Alir Terra Lima, também destacou o trabalho do hospital na área de transplantes. “A doação de órgãos salva vidas, salva famílias. Na Santa Casa, realizamos a captação de órgãos não só para transplante de rim, mas também de córnea e pele, pois somos referência na área de queimados. É extremamente importante fazer essa captação com pessoas especializadas e abordagens técnicas, e temos obtido muito sucesso”, afirmou.

Entre os casos de sucesso está Jairton Costa, que descobriu em 2013 problemas nos rins após perda de peso rápida e episódios de mal-estar. Após seis anos com receio de realizar o transplante, ele recebeu um rim doado por sua esposa. “A doação tem que vir do coração. Independente de ser parente próximo, é preciso ter amor pelo próximo. Quero dizer às pessoas: doem. Você não vai se arrepender”, contou Jairton.

Sidney Manga, de 45 anos, descobriu há cerca de um ano e nove meses que estava com insuficiência renal e hoje ainda aguarda na lista de transplantes. Ele relatou as dificuldades para entrar na fila: “Depois de quase um ano em hemodiálise, consegui me preparar e entrar na lista. A consulta é feita por três médicos que atendem todo o estado, para dois mil renais crônicos. Foram oito meses de batalha até conseguir a consulta, fiz todos os exames, mas até hoje não estou na lista”.

Sidney destacou a importância da conscientização sobre a doação de órgãos: “O maior entrave é a falta de informação. As famílias precisam ser preparadas desde o início, para entender que, mesmo diante da perda, a decisão de doar pode salvar várias vidas. Com compreensão e empatia, a doação se torna uma oportunidade de renascimento para outros”, afirmou.

Por Geane Beserra

 

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