Pesquisa aponta que 29% dos brasileiros têm receio de se vacinar; na Capital, o cenário vai na contra-mão

Foto: Divulgação
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Capital recebe doses contra covid-19 e população reforça importância de se vacinar

De acordo com pesquisa realizada pela biofarmacêutica Takeda e com a colaboração da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), 29% dos brasileiros deixam de tomar vacinas por receio de efeitos colaterais ou por alguma informação falsa sobre os imunizantes. Apesar do panorama nacional, em Campo Grande o cenário mostra-se oposto e mais otimista. Além das constantes estratégias de vacinação realizadas pela SES (Secretaria de Estado de Saúde), entrevistados pelo Jornal O Estado afirmam que a imunização é de suma importância.

Dúvidas sobre a segurança e eficácia da vacina ou receio de efeitos colaterais são algumas das principais motivações que as 2.000 pessoas entrevistadas online apontaram como justificativa para não se imunizar. Já em Campo Grande, a população demonstra-se consciente da importância da imunização. “Em hipótese nenhuma eu vou ter receio de vacina”, disse o carioca Antônio Carlos, residente na Capital há mais de 20 anos. “Eu estive no Rio de Janeiro, sou do Rio de Janeiro. Veio Pfizer, veio tudo quanto é tipo de vacina, todas elas, eu tomei. Acho que [a descrença] é falta de informação, falta de cultura de alguns. É providencial você ter que se vacinar. Eu acredito que falta vontade de se cuidar nas pessoas”, enfatiza.

Jaqueline Felipe, de 55 anos, contou que toma vacina contra a Covid-19 e a gripe todos os anos. Jaqueline explicou que tem bronquite asmática e, por isso, sempre busca se proteger. Para ela, o medo que 29% dos brasileiros têm em relação à eficácia das vacinas pode estar relacionado às fake news. “Com certeza, tem que tomar, tem que vacinar, prevenir, né?”, afirmou. Natural de Natal, no Rio Grande do Norte, Jaqueline reforçou a importância da vacinação para a saúde.

A principal influência para a descrença advém de informações falsas, as famosas fake news, conforme a pesquisa. Segundo dados, 74% dos entrevistados já afirmaram terem recebido informação falsa sobre a vacinação. Dessas, 41% disseram ter encontrado fake news nas redes sociais. Para o campo-grandense Ângelo Evaldo, técnico em enfermagem, a falta de estímulo é motivada pela informação desenfreada nas redes sociais, avanços tecnológicos e a desigualdade social “gritante” no país. “Estamos diante de mudanças profundas na história da humanidade, o avanço tecnológico, a rapidez e a quantidade das informações onde quase sempre não sabemos o que é certo ou o que é errado, traz mais desinformação e acaba sendo instrumento usado por governantes para atender benefícios próprios e financeiros”, reflete o profissional.

O médico infectologista Renato Kfouri, presidente do departamento de imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), o Brasil passa pelo enfrentamento à hesitação vacinal como um novo fenômeno social. “Esses hesitantes ou céticos, apesar de serem uma parcela menor da população, fazem muito barulho e ocupam muito espaço nas redes sociais”, diz.

2.365 doses chegam à Capital

Enquanto ao menos 58 milhões de vacinas da Covid-19 vencem no estoque federal. Em Campo Grande, 2.365 doses da vacina contra Covid-19 para bebês e crianças até os 5 anos chegaram essa semana. As doses já foram distribuídas às Unidades de Saúde da Família. Neste sábado (23) haverá plantão de vacinação no Shopping Pátio Central e o imunizante será oferecido ao público.

Conforme publicado em 22 de outubro pelo Jornal O Estado, pelo menos, 1/3 do lote de imunizante contra a covid-19 do Ministério da Saúde perdeu a validade e vários estados foram afetados. Em Mato Grosso do Sul, o estoque ficou desabastecido por 4 meses. A SES (Secretaria Estadual de Saúde) comunicou que faltam doses tanto para adultos quanto para crianças. Infectologista alerta para o risco, principalmente para pessoas do grupo prioritário e sobrecarga de internações. Os novos lotes chegaram ao Brasil no fim de outubro com a compra feita pelo Ministério da Saúde. Foram adquiridas 1,2 milhão de doses de vacinas. Com a nova compra, a população terá a garantia de proteção contra as formas graves da doença pelos próximos 2 anos.

O volume perdido no Ministério da Saúde vale cerca de R$ 2 bilhões. O número de doses que deixaram o estoque do ministério e foram perdidas nos estados e municípios é incerto, devido às divergências entre os dados federais e os das secretarias de saúde locais.

O governo Jair Bolsonaro (PL) comprou mais de 70% das vacinas que venceram no estoque da Saúde, ou seja, que não chegaram aos estados e municípios. Esses lotes são principalmente da AstraZeneca/Fiocruz e venceram ainda na gestão passada ou foram herdados com validade curta pelo governo Lula (PT).

Por Ana Cavalcante

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