Pacientes lamentam pausa do governo no “Programa Mais Saúde, Menos Filas”

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

Com espera angustiante, população critica a reestruturação e pede celeridade em tratamentos

Moradores de diferentes municípios de Mato Grosso do Sul seguem enfrentando longas esperas por cirurgias e exames que deveriam ser realizados por meio do programa MS Mais Saúde, Menos Fila, do Governo do Estado. A situação tem gerado preocupação entre pacientes, especialmente os que dependem do SUS (Sistema Único de Saúde) e precisam ser transferidos para outras cidades em busca de atendimento.

Conforme noticiado anteriormente, pelo O Estado, após retomar o programa no último dia 3, o Governo de Mato Grosso do Sul anunciou a suspensão da iniciativa mais uma vez. Esta já é a segunda pausa nos atendimentos cirúrgicos. Na terça-feira (14), o Hospital Adventista do Pênfigo, que realiza cirurgias bariátricas exclusivamente pelo programa, confirmou a suspensão dos procedimentos.

A dona Venância Espinosa, de 77 anos, moradora de Anastácio, relata que uma parente luta contra o câncer de mama e espera há dois anos por uma cirurgia que deveria ter sido feita em um dos hospitais credenciados ao programa.

Segundo ela, a família aguarda uma transferência para Campo Grande, onde a paciente poderia finalmente realizar o procedimento. “Faz dois anos que ela está na fila de espera. Não lembro em qual hospital ela ia realizar a cirurgia, mas é um descaso. Essa espera é torturante, tanto para ela, quanto para os familiares”.

Além disso, Venância enfrenta suas próprias dificuldades. Ela conta que há sete anos espera por um exame do coração, necessário para uma possível cirurgia, e que o deslocamento entre cidades é constante por falta de estrutura em seu município.

“Moro em Anastácio, tive que arrumar um médico em Aquidauana pra me atender, e ele mandou fazer um exame no coração, mas lá não tem aparelho. Quando o médico acha que tem algo, ele manda para Campo Grande, Corumbá ou Miranda. A gente precisa ir pra outra cidade pra conseguir fazer tudo. Eu estou cansada, já faz mais de quatro anos que venho sofrendo”, contou a idosa.

Outra paciente, Maria de Lourdes, de 60 anos, também enfrenta a longa espera. Ela aguarda vaga para realizar um exame de cateterismo cardíaco e conta que chegou a ser agendada, mas teve o procedimento cancelado.

“Eu até estava agendada, mas de última hora informaram que eu teria que voltar para a fila de espera. Parece que suspenderam o programa e todas as pessoas que aguardavam cirurgia e exame tiveram que esperar mais”, lamentou.

Apesar da suspensão temporária do programa, um dos hospitais credenciados, o HCAA (Hospital de Câncer Alfredo Abrão), informou ao jornal O Estado que manteve os atendimentos mesmo sem o repasse de recursos, para evitar prejuízo aos pacientes.

Em nota, o hospital explicou que o convênio, firmado de 4 de julho de 2024 a 31 de abril de 2025, resultou em 713 procedimentos, sendo 685 exames e 28 cirurgias. Durante o período de suspensão, entre abril e julho de 2025, foram realizadas cirurgias adicionais com recursos próprios.

“Mesmo durante a suspensão temporária do contrato, o hospital manteve os atendimentos e realizou mais 49 cirurgias, demonstrando compromisso com os pacientes e com a continuidade dos serviços de saúde”, destacou o comunicado.

O convênio foi renovado em 18 de julho de 2025, com a assinatura de um termo aditivo que permitiu o prosseguimento das ações dentro dos limites financeiros estabelecidos. Desde então, a programação cirúrgica permanece ajustada conforme as diretrizes pactuadas entre o hospital e a SES (Secretaria de Estado de Saúde). A equipe de reportagem solicitou para a Secretaria de Estado de Saúde, o número de pacientes que estão na fila por exames e cirurgias e não obteve retorno até o fechamento a edição.

Por Inez Nazira

 

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