Só este ano, foram realizados quase 7 mil tratamentos da doença no Hospital do Câncer Alfredo Abrão
Médicos especialistas e até a OMS (Organização Mundial de Saúde) alertam: o consumo de álcool está associado ao aparecimento de câncer de mama em mulheres. Só em 2024, foram realizados quase 7 mil tratamentos da doença no HCAA (Hospital do Câncer Alfredo Abrão) de Campo Grande, o que representa 66% dos procedimentos do ano anterior.
Na última semana,a OMS alertou que não há níveis seguros para o consumo de álcool quando se trata de maior risco ao câncer. Um dos estudos mencionados no evento mostra que apenas 21% das mulheres em 14 países europeus estavam cientes da relação entre o consumo de álcool e o risco de desenvolver câncer de mama.
Outro trabalho indica que mais da metade de todos os casos de câncer de mama atribuíveis ao álcool na Europa não são devido ao consumo excessivo. Cerca de um terço dos novos casos a cada ano está associado ao consumo de até duas taças pequenas de vinho por dia, por exemplo.
O médico oncologista João Paulo Villalba, diretor clínico do HCAA, ao Jornal O Estado MS, explicou qual a influência das bebidas com teor alcoólico com a doença. Segundo ele, há mais de dez estudos que mostram o risco dessas bebidas para casos de câncer, que faz parte da literatura médica desde os anos 2000.
“Uma das hipóteses para que isso possa acontecer é que o álcool, além de ele liberar alguns mediadores inflamatórios que são oncogênicos na circulação sanguínea, pode funcionar como um estímulo ao aumento do nível de estrogênio, que é um hormônio feminino que está relacionado à maioria dos subtipos de câncer de mama”, detalha.
Por isso, um dos tratamentos de câncer de mama são os bloqueadores hormonais. Além disso, a situação fica ainda mais preocupante quando o consumo de álcool vem associado ao sobrepeso, sedentarismo e má alimentação.
“Dos pacientes atendidos, de quarenta a cinquenta por cento têm relatos de uso de bebida alcoólica com frequência. Então, esse é um fator de risco conhecido, agora dizer que se está reduzindo o consumo de bebida alcoólica no mundo, isso eu não sei te dizer, mas é um fator de risco para câncer de mama já conhecido. Mas eu diria que um outro fator de risco que mais preocupa é o sobrepeso, o excesso de peso e o sedentarismo”, completa.
Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), no Brasil, foram estimados 73.610 casos novos de câncer de mama só este ano. Além do tumor de mama, bebidas alcoólicas estão associadas a outros seis tipos de câncer: intestino (cólon e reto), boca, laringe, faringe, estômago e fígado. Algumas pesquisas sugerem que elas também podem estar ligadas a tumores de próstata e pâncreas, embora a evidência seja menos clara.
Maior incidência
O câncer de mama é o tipo de câncer que mais acomete as mulheres no Brasil. A prevenção primária e a detecção precoce contribuem para a redução da incidência e da mortalidade por essa neoplasia.
Ter o diagnóstico precoce consiste na abordagem oportuna das mulheres com sinais e sintomas suspeitos de câncer para identificação da doença em fase inicial, a fim de possibilitar tratamento efetivo e maior sobrevida. É importante informar as mulheres e os profissionais de saúde sobre o reconhecimento dos sinais e sintomas do câncer de mama, bem como organizar a rede de atenção à saúde para garantir o acesso rápido e facilitado ao diagnóstico e tratamento da doença.
O Outubro Rosa é um momento de mobilização social para reforçar mensagens sobre prevenção e detecção precoce do câncer de mama. Essa campanha vem sendo considerada uma oportunidade para ampliar a abordagem da saúde da mulher e a prevenção do câncer, de forma mais ampla, incluindo também o câncer do colo do útero.
Por Kamila Alcântara