A busca pelo sorriso perfeito tem levado muitos brasileiros a investirem em procedimentos odontológicos, como facetas de porcelana, lentes de contato dentais e alinhadores invisíveis. Seja para corrigir algum problema na saúde bucal ou por uma questão de estética, as cadeiras de dentistas têm sido muito disputadas.
No entanto, o excesso de intervenções estéticas pode gerar problemas funcionais, comprometendo a saúde bucal e a qualidade de vida dos pacientes. A OMS (Organização Mundial da Saúde) aponta que o foco das ações de educação em saúde bucal deve estar amparado em mudanças de comportamento e condições que promovam a saúde bucal ou reduzam o risco às doenças bucais.
Diante desse cenário, dentistas e ortodontistas enfrentaram o desafio de promover o equilíbrio entre os desejos estéticos dos pacientes com a necessidade de preservação da saúde bucal e função mastigatória. Sem dúvidas, um planejamento odontológico eficiente deve ser personalizado e até mesmo envolver uma abordagem multidisciplinar, se necessário.
De acordo com a Drª Dâmilie Gardim, cirurgiã-dentista, graduada pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e especialista em endodontia, a maloclusão dentária é caracterizada pelo posicionamento incorreto dos dentes nas arcadas dentárias, dificultando o “encaixe” dos dentes de cima com os de baixo. Alguns sintomas simples como a dificuldade na fala, alimentação e também na estética, são de fácil percepção.

Dâmilie Gardim – Foto: arquivo pessoal
“Os sinais de maloclusão podem aparecer desde a primeira infância, com os dentes de leite, sendo fácil a identificação pois, normalmente, os dentes de cima, ao morder, devem ficar à frente dos dentes de baixo. Hábitos como chupar dedo, uso de chupeta e mamadeiras inadequadas, perda precoce do dente de leite, problemas respiratórios, síndromes, fatores genéticos, dentre outros, podem predispor a maloclusão e quanto antes detectados e corrigidos, maior a probabilidade de um tratamento mais rápido e preciso, muitas vezes evitando as intervenções cirúrgicas e tratamentos mais complexos na idade adulta”, explicou.
A especialista pontuou ainda que, quanto antes a maloclusão for detectada e tratada, melhores serão os resultados, sobretudo na infância, onde a ortodontia e ortopedia facial, especialidade que trata das maloclusões, auxiliam no direcionamento do crescimento dos ossos onde os dentes estão posicionados, melhorando as condições clínicas do paciente, incluindo a harmonia facial.
Quando não tratada, a maloclusão gera impacto na saúde e qualidade de vida do paciente, interferindo na estética e harmonia facial, favorecendo desgastes e fraturas dentárias, à formação de cáries e problemas gengivais, pois o desalinhamento pode dificultar a higienização dos dentes, além da predisposição ao bruxismo e problemas na articulação temporomandibular, chamada de ATM.
“O uso de aparelho e outros dispositivos ortodônticos ou ortopédicos, são possíveis tratamentos de escolha na maioria das situações de maloclusões. Alguns tratamentos complementares podem ser necessários, como tratamentos médicos, mudança de hábitos e fonoaudiologia. Em casos mais severos, é necessária a cirurgia ortognática em conjunto com o tratamento ortodôntico para fazer essa correção, em idade adulta. Por isso é importante que as crianças tenham acompanhamento de sua saúde bucal com o cirurgião-dentista desde o aparecimento dos primeiros dentes”, disse Dâmilie Gardim.

Luci da Silva – Foto: arquivo pessoal
A empresária Luci da Silva, utilizou aparelho ortodôntico durante cinco anos, com o objetivo de corrigir a mordida, que era cruzada. “Foi bom numa parte, porque corrigiu a mordida, mas tive problema com os dentes que tinham canal ficaram frágeis e, quando tirei o aparelho eles quebraram. Por esse motivo, precisei fazer implantes”, disse Luci.
Luci explica que não soube ao certo o que provocou a fragilidade dos dentes, se o tempo de uso do aparelho fixo ou até mesmo a falta de algum tratamento complementar. Mesmo com transtornos durante o tratamento, ela avalia como positivo o resultado final e continua cuidando regularmente de seus dentes.
Vale frisar que procedimentos mal executados ou não indicados para o paciente, podem causar danos como, desgaste dentário excessivo, levando a necessidade de outros procedimentos como tratamento de canal e coroa, inflamações nas gengivas causada pelo acúmulo de placa bacteriana em locais onde as lentes ou facetas dentárias possam estar mal adaptadas, infiltrações e fraturas. É importante que o paciente fique atento a sinais como inchaço, sangramento, dores, hipersensibilidade e irritação nas regiões tratadas que devem sempre ser relatadas ao profissional durante ou após o tratamento.
A maloclusão dentária é um problema comum, porém tratável, que exige um diagnóstico precoce e tratamento adequado. A busca por um sorriso perfeito deve ser conduzida por profissionais qualificados, que priorizem tanto a estética quanto a funcionalidade bucal.
“O que precisa se ter em mente em primeiro lugar é a necessidade do tratamento estético e a atual condição de saúde bucal do paciente. Com o advento das redes sociais, houve uma mudança no padrão estético e também no imediatismo dos resultados. Antes da realização de um tratamento estético, o paciente precisa estar com uma boa saúde bucal, para que os procedimentos estéticos não contribuam para a piora no quadro de problemas bucais. Para um tratamento estético ter sucesso, muitas vezes leva tempo, depende de fatores relacionados ao paciente como saúde geral, hábitos e higiene, depende da habilidade do profissional e da qualidade dos materiais utilizados. O paciente deve ter atenção e cuidado ao se deparar com promessas de resultados milagrosos e rápidos, pois cada pessoa é única e o tratamento bom para um pode não ser efetivo para outro”, finalizou Dâmilie Gardim.
Equilíbrio entre beleza e saúde é essencial para garantir não apenas um sorriso harmonioso, mas também bem-estar e qualidade de vida!
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