Prefeitura de Campo Grande busca reforço federal para reduzir filas nos hospitais

Após retomar o programa MS Saúde: Mais Saúde, Menos Fila, voltado à redução de filas de cirurgias e exames eletivos no SUS (Sistema Único de Saúde), no último dia 3, o Governo de Mato Grosso do Sul anunciou a suspensão da iniciativa mais uma vez. A medida é temporária e foi confirmada por hospitais de Campo Grande participantes da ação, que atribuíram a paralisação a um processo de reestruturação conduzido pela SES (Secretaria Estadual de Saúde).

Esta já é a segunda pausa nos atendimentos cirúrgicos. Na terça-feira (14), o Hospital Adventista do Pênfigo, que realiza cirurgias bariátricas exclusivamente pelo programa, confirmou a suspensão dos procedimentos. Outras especialidades de cirurgias feitas pela unidade hospitalar, como coluna, joelho, ginecológicas, cabeça e pescoço, quadril e gerais, que também são realizadas com recurso do Estado, não foram diretamente afetadas.

Em nota, a instituição informou que “as cirurgias previstas no programa encontram-se temporariamente suspensas em razão de uma reestruturação” e reforçou estar “acompanhando de perto os trâmites necessários, aguardando a definição do Governo para a retomada das cirurgias”.

Desde setembro de 2024, quando iniciou as bariátricas pelo programa, o Pênfigo já havia atendido mais de 200 pacientes. Situação semelhante é registrada no Hospital São Julião, que também interrompeu os atendimentos por determinação da SES. Segundo a direção, os procedimentos foram realizados até 10 de setembro, totalizando mais de 630 cirurgias em 15 dias. Desde então, nenhum novo procedimento foi autorizado.

“Temos mais de 500 pacientes aguardando cirurgia de catarata, além de casos de cirurgia geral, urologia e plástica reparadora. Também foram suspensas as consultas e triagens de novos pacientes”, informou o hospital, que destaca possuir estrutura e equipe para dobrar a capacidade de atendimento assim que houver autorização para o retorno.

A superintendente de Gestão do Hospital São Julião, Dra. Jéssyka Mendes, reforçou que a instituição está preparada para retomar os atendimentos assim que o programa for reativado.

“É importante destacar que o Hospital São Julião possui capacidade operacional instalada para dobrar a execução em todas as especialidades mencionadas. Temos equipe e estrutura física totalmente preparadas para realizar esses procedimentos, que hoje estão ociosos em razão da suspensão do programa. Assim que houver a sinalização de retorno por parte da Secretaria Estadual de Saúde, retomaremos imediatamente os atendimentos, beneficiando inúmeras pessoas que aguardam pela reabilitação completa”.

Terceira etapa e reestruturação

A terceira fase do programa “Mais Saúde, Menos Fila”, iniciada em maio deste ano, amplia os atendimentos para incluir tratamentos odontológicos em ambiente hospitalar, cirurgias de ombro e novos procedimentos em urologia.

De acordo com a SES na época, essa etapa estava prevista para seguir até 31 de dezembro de 2025, e o pagamento às instituições seria feito conforme os procedimentos realizados a partir de junho deste ano.

O programa

Criado em maio de 2023, o programa já realizou mais de 36 mil cirurgias e 51 mil exames em suas duas primeiras etapas. Atualmente, na terceira fase, o investimento previsto inicialmente foi de R$32 milhões, abrangendo 144 tipos de cirurgias não urgentes a serem executadas por hospitais de Campo Grande e do interior do Estado.

Entre as instituições participantes da Capital estão a Santa Casa, o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, o Hospital Adventista do Pênfigo, o Hospital São Julião, o Hospital de Câncer Alfredo Abrão e a Maternidade Cândido Mariano.

O Hospital Regional é o que se propôs a fazer menos tipos de operações, apenas bariátricas e reconstrução do trânsito intestinal. Além de cirurgias, a Santa Casa, o Hospital Adventista, o Hospital de Câncer e o Hospital Regional oferecem exames de imagem pelo programa.

Reforço federal para reduzir filas

Enquanto o programa estadual passa por ajustes, a prefeita Adriane Lopes esteve nesta terça-feira (14) em Brasília, onde participou de reunião no Ministério da Saúde em busca de novos investimentos para a área.

Acompanhada pela equipe técnica do Comitê Gestor da Saúde da Capital, Adriane apresentou as demandas locais e recebeu a confirmação de que técnicos do Governo Federal visitarão Campo Grande nos próximos 15 dias para elaborar um plano de ação voltado à redução das filas de cirurgias e exames do programa Agora Tem Especialidades.

“Foi uma reunião produtiva, em que apresentamos as principais demandas da Saúde de Campo Grande e buscamos soluções conjuntas com o Ministério. Nosso compromisso é avançar na qualidade do atendimento, garantindo acesso mais rápido e humanizado aos serviços de saúde”, afirmou a prefeita.

O programa Agora Tem Especialistas busca reduzir o tempo de espera por atendimentos no SUS e ampliar o acesso da população por meio de mutirões, unidades móveis de saúde, transporte sanitário e fortalecimento da Telessaúde.

Por Inez Nazira