Médica do Humap-UFMS explica sintomas, consequências e cuidados em situações de contaminação
O aumento de registros de intoxicação por metanol em diferentes regiões do Brasil tem acendido um alerta entre autoridades de saúde e especialistas. A substância, comumente usada pela indústria em solventes, tintas, plásticos, MDF, adesivos e até como aditivo na gasolina, ganhou repercussão nacional após ser identificada em bebidas adulteradas, consumidas ilegalmente.
A gastroenterologista Luciane França Ramos, do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS/Ebserh), destaca que o perigo está na forma como o organismo processa o metanol. “Ao ser ingerido ou inalado o metanol é metabolizado pelo fígado em formaldeído e ácido fórmico, substâncias extremamente tóxicas para o organismo humano. Essas substâncias acometem principalmente os olhos (nervo óptico e retina), sistema nervoso central, rins, coração, fígado e pulmões”, explica.
Os sintomas da intoxicação variam conforme os órgãos afetados, mas incluem sinais como distúrbios visuais, náusea, vômito, dor abdominal, confusão mental, sonolência, tontura, dor de cabeça e fraqueza muscular. De acordo com a médica, esses indícios costumam aparecer entre 6 e 24 horas após a ingestão de bebidas adulteradas.
Nessas situações, a orientação é buscar atendimento médico imediato. “Não induzir vômito. Não ingerir água ou leite. Manter o paciente sentado ou deitado de lado. Essas manobras diminuem o risco de aspiração pulmonar do conteúdo gástrico, já que com frequência esses indivíduos podem evoluir para um estado de sonolência e torpor”, recomenda. Ela acrescenta que guardar uma amostra da bebida consumida pode ajudar na confirmação da presença de metanol.
Entre as consequências mais graves estão cegueira, coma, insuficiência renal e falência do sistema circulatório, que podem levar à morte. Mesmo com tratamento adequado, sequelas podem ser permanentes, afetando memória, funções motoras, rins e fígado. “Portanto, a intoxicação por metanol é uma urgência/emergência médica. O socorro deve ser imediato na tentativa de preservar não só a vida do indivíduo como a função dos órgãos acometidos”, reforça a especialista.
Um dos antídotos usados no tratamento é importado, e segundo informações recentes, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) atua para agilizar o acesso a esse medicamento em unidades hospitalares do país.
*Com informações da Comunicação do Humap-UFMS/Ebserh
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