Os casos da Influenza H3N2 começaram a ser registrados na Capital ainda em dezembro do ano passado, mas teve uma grande evolução em menos de um mês. O crescimento de 300% pelos remédios que compõe tratamento da doença na rede pública resultou na falta de estoque de certo tipo de medicação, sendo o que gerou transtorno para alguns pacientes. A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) garante que são faltas pontuais e já trabalha no processo de aquisição.
Além dos medicamentos dipirona e o paracetamol, remédios como Ibuprofeno, xaropes para tosse e Tamiflu, que são recomendados para tratamento antiviral, estão em falta na rede pública.
Uma dona de casa de 29 anos que preferiu não se identificar entrou em contato com O Estado Online para relatar a falta de medicamento. Ela, que adoeceu junto com o filho de apenas três anos, foi até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Vila Almeida ainda no mês de dezembro e relatou que saiu do médico apenas com a receita em mãos para comprar a medicação que não estava disponível pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
“Ficamos doentes às vésperas do Ano Novo. Os postos cheios, fomos até uma UPA e lá eles passaram dipirona e paracetamol, o que não nos adiantou em nada”, comentou a jovem. Três dias depois, quando retornaram ao médico, a mãe recebeu uma receita com medicações que normalmente seriam dadas na rede pública, mas por estar em falta, precisou comprar.
“A gente não espera ficar doente, e quando ficamos, esperamos conseguir o atendimento e tratamento completo pela rede, como estava sem dinheiro, acabamos que ‘melhorando’ na raça, a base de chás, pois não consegui comprar os remédios que seriam dados no SUS”, lamentou.
A mesma coisa aconteceu com um homem de 32 anos que também preferiu não se identificar. Com sintomas de doença respiratória, ele foi mais de três vezes em UPAs diferentes e recebeu a mesma informação: de os medicamentos como Ibuprofeno, xarope para tosse e Tamiflu estão em falta e que é necessário comprar a medicação. Ele passou pelas unidades do Leblon, ontem (16), e pelo Aero Rancho, na sexta-feira (14)
“Ao todo gastei quase R$ 200 reais em remédios que poderiam ser disponibilizados pela rede pública. Nem mesmo genérico recebemos e, assim como eu, muitos estão tendo que desembolsar, principalmente agora que os postos estão lotados de pessoas com os mesmos sintomas” comentou.
Em contato com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) a respeito da falta dos medicamentos, recebemos a seguinte informação:
“Atualmente, o estoque de medicamentos do município encontra-se cerca de 80% abastecido e existem algumas faltas pontuais em decorrência do atraso na entrega por parte dos fornecedores ou entraves nos processos licitatórios. A partir de dezembro do ano passado, em razão do aumento considerável nos casos de síndromes respiratórias, consequentemente, houve também uma demanda maior pelas medicações mencionadas. O consumo do Tamiflu, por exemplo, aumentou mais de 300%. Apesar disso, a medicação ainda está disponível na nossa rede e o Município tem cobrado celeridade na entrega por parte dos fornecedores e já requisitou o envio de mais comprimidos ao Estado e ao Ministério da Saúde. O Ibuprofeno, citado na reportagem, está em processo de aquisição e deve ser regularizado nos próximos dias. Cabe esclarecer que esse aumento na procura destes medicamentos trouxe impacto não somente para Campo Grande, mas para todas as cidades do País. Existe também a dificuldade de aquisição dos mesmos até mesmo na rede privada.”