William Bonner já foi xingado por Bolsonaro de “sem-vergonha”, “maior canalha”, “mentiroso” e “cara de pastel”. Portanto nunca revidou no mesmo tom. O apresentador do Jornal Nacional voltou a dar prova de seu autocontrole nas edições desta semana em rede nacional.
Ele usou os eufemismos “inverdade” e “declaração inverídica” para dizer que o presidente mentiu ao alegar ter sido proibido pelo STF de atuar amplamente no combate à pandemia de covid-19 e ao rebater denúncias de fraude nas urnas eletrônicas. Em ocasiões anteriores, ao contestar Bolsonaro por outras declarações, amenizou com “faltou com a verdade”.
Como editor-chefe, Bonner tem autonomia para pautar e falar o que quiser diante das câmeras. O máximo a que se permite é, às vezes, manifestar repúdio ao presidente com expressões faciais. Algumas caretas de deboche viraram memes e certos olhares de reprovação geraram manchetes.
Por que, apesar de ser alvo frequente, o jornalista não refuta as ofensas com veemência? Em primeiro lugar, Bonner demonstra respeitar a institucionalidade em torno de Bolsonaro. Goste-se ou não, é o presidente da República e deve ser tratado de maneira protocolar pela imprensa devido ao cargo que ocupa. Chamá-lo de “mentiroso” seria hostil e provocativo. Acesse também: Governador busca investimentos com os Estados Unidos