Em conferência virtual organizada pelo deputado Major Vitor Hugo (PSL), dia 23 de setembro, às 16h, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, aceitou convite para conversar com um grupo de produtores rurais sobre a questão do endividamento agrícola.
Participaram os produtores Elias José Barcelos Corrêa, que também é zootecnista e atua com pecuária leiteira; Adilson Érida Borges, produtor de soja e membro do Movimento Salve o Agro; Paulo Leonel, diretor do Grupo Adir; Eurico Velasco, vice-presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura; e Armando Mattiello, presidente da Associação dos Cafeicultores do Brasil.
Além desses, também estiveram presentes na conferência Paulo Maximiano Junqueira Neto, diretor da Associação dos Fornecedores de Cana do Vale do Rio Paraguai, e o rizicultor João Paulo Knackfuss, também membro do Movimento Salve o Agro.
A ministra disse ter ciência das demandas dos representantes dos principais setores do agronegócio nacional. “Sei que há um grupo de produtores rurais endividados”, reconheceu Tereza Cristina, mas deixou claro que uma solução definitiva depende do Ministério da Economia, que já não conta com tanto recurso devido à situação atual com a pandemia do Covid-19.
Um questionamento levantado pela ministra é o fato de a dívida não constar nos informes oficiais, o que expõe um lapso de comunicação entre os membros do Governo, pois o próprio relatório do Banco Central (Bacen) aponta crescimento na contratação de crédito.
Outros fatores que mascaram a situação do endividamento do produtor rural é que as renegociações e recuperações judiciais não constam como débitos pendentes, assim como os empréstimos do tipo “mata-mata”, onde o produtor compra uma carta de crédito de juros mais altos no nome de um CPF da família para liquidar um contrato anterior, tornando-se um ciclo sem fim.
Dívida com bancos nacionais chega a R$ 321 bilhões
Conforme números fornecidos pelo BACEN (mar/2020), a dívida do setor do Agronegócio, consolidada junto aos Bancos é da ordem de 321 bilhões de reais.“As ferramentas que o governo acredita ter sido suficientes para dar fôlego ao produtor, como as resoluções do Banco Central e circulares do BNDES, não são implementadas pelos bancos, deixando os produtores à deriva”, informa Adilson Borges, que possui fazenda no estado do Mato Grosso.
Já, em levantamento junto às 60 maiores tradings que atuam na comercialização de insumos, o endividamento ultrapassa R$ 173 bilhões. Somam-se ainda outros R$ 55 bilhões devidos junto às cooperativas de insumos, além de empréstimos contratados dos bancos internacionais, o que pode elevar o montante para algo entre R$ 600 e R$ 700 bilhões.
A solução sugerida pelos produtores é a securitização das dívidas, com os débitos renegociados entre 20 e 30 anos, com juros máximo de 4%, como prevê a legislação do crédito agrícola.
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(Texto: Assessoria)