O ex-presidente Michel Temer (MDB) defendeu, ontem (16), uma pacificação interna do país “porque assim a Constituição o determina”.
“Sem embargo termos crises e mais crises, basta que nós hajamos no sentido de pacificar o país, de fazer o relacionamento adequado entre os poderes, de dar ao povo esta visão pela paz interna do nosso país, sem embargo de divergências programáticas, administrativas e até ideológicas”, afirmou, sem fazer referência à sua participação para esfriar a crise entre o presidente Jair Bolsonaro e o STF (Supremo Tribunal Federal).
O ex-presidente participou de uma palestra virtual promovida pelos partidos MDB, PSDB, DEM e Cidadania pela defesa da democracia. O evento faz parte do ciclo de debates “Um novo rumo para o Brasil”, que vai até o próximo dia 27.
Também participaram os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e José Sarney (MDB). Todos eles trataram de crise institucional, o tema do encontro, mas evitaram mencionar de forma específica o presidente Bolsonaro, que com ameaças autoritárias insuflou uma crise entre Poderes que reverbera na economia.
FHC afirmou que “não dá para negar o fato que o presidente [Bolsonaro] tem arroubos que não são condizentes com o futuro democrático”. “Ele não vai conseguir. Mas cabe a nós, que temos experiência histórica, reavivar na memória dos brasileiros a necessidade de estarmos juntos em defesa da liberdade e da democracia.”
Sarney pregou a resolução de divergências pelo diálogo “de acordo com a tradição a brasileira”.
Também fizeram parte do encontro, como expositor e coordenador, respectivamente, os ex-ministros Nelson Jobim e Moreira Franco (MDB). Jobim afirmou que “o sistema presidencial do país esgotou-se” e que 2018 introduziu a nova variável do “ódio na relação política”.
Estavam presentes ainda os presidentes dos partidos Baleia Rossi (MDB), Bruno Araújo (PSDB), ACM Neto (DEM) e Roberto Freire (Cidadania), que pregaram democracia e diálogo. Rossi foi o único a fazer referência à nota que Bolsonaro divulgou com ajuda de Temer. “Tivemos manifestações pacíficas com uma minoria barulhenta pregando a quebra das instituições, […] algo que não podemos admitir. […] Temer fez um gesto de pacificação muito comentado e comemorado por todos, porque temos neste momento problemas reais que podemos enfrentar”, disse.
Neto afirmou “refutar qualquer posição de radicalismo e de antagonismo” e afirmou que “Todos os Três Poderes têm acertos e erros”.
(Texto: Folhapress)