Sem coligação e cota, cresce a participação feminina na eleição

Na Capital, chapa majoritária feminina é única na disputa da prefeitura

Em Campo Grande, os partidos se organizam para cumprir individualmente a cota de gênero de 30% para as candidaturas do gênero feminino para o cargo de vereador. Ao mesmo tempo o PSOL lança chapa majoritária feminina com a pré-candidata Cris Duarte e a pré-candidata a vice-prefeita Val Eloy superando a questão da cota.

Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a medida vai aumentar a participação das mulheres na política e existe a redução da possibilidade de candidaturas “laranja”, assim como pode haver o aumento do número de mandatárias eleitas.

Cris Duarte cita que a decisão para que a chapa fosse completamente feminina foi para sair do “senso comum” e superar as cotas de gênero. 

“O PSOL é um partido que nacionalmente vem crescendo em representação de mulheres na política. Somos a única sigla com uma bancada paritária na Câmara dos Deputados [5 homens e 5 mulheres]. Teremos candidaturas próprias em quase todas as capitais do país e em Campo Grande entendemos que o machismo tem se perpetuado nos espaços representativos da política. Na Assembleia Legislativa nenhuma mulher eleita, na Câmara de Vereadores, apenas duas. E conforme os demais partidos foram apresentando seus pré-candidatos percebemos que o PSOL teria que ser a alternativa de mudança necessária e começamos apresentando duas mulheres para a chapa majoritária em uma proposta de gestão coletiva (prefeita e coprefeita) para romper também com essa estrutura hierarquizada bem ultrapassada e pouco eficiente”, declarou.

Sobre a falta de interesse em disputar eleições e possíveis candidaturas “só para cumprir” a legislação, ela discorda de que mulheres não tenham interesse na política.

“Não vejo que as mulheres não têm interesse pela política. Afirmar isso é nos culpabilizar do machismo histórico. Para as mulheres sempre foi destinado o espaço privado (doméstico) e aos homens o espaço publico. Além de tudo, a política partidária é ainda um lugar muito violento para as mulheres, já existem pesquisas e dados sobre isso. Nossa capacidade é sempre colocada à prova, tentam nos invisibilizar, manipular os recursos partidários que são destinados às mulheres e, quando somos eleitas os processos violentos continuam. Então, que mulher quer vir para a política sabendo desses processos? Por isso, que quando uma de nós se dispõe a ir para esses espaços significa coragem, resistência e além de tudo necessidade de desconstruir essa lógica machista”, define Cris Duarte.

“Como atual presidente do PSOL acredito que não devemos ficar buscando mulheres para se candidatarem apenas no momento das eleições para preencher a chapa ou oportunizar as candidaturas masculinas, mas atrair as mulheres e capacitá- -las para as atividades partidárias constantemente”, conclui.

(Confira mais na página A4 da versão digital do jornal O Estado)

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