Dos clubes de fotografia à imagem de destaque no trabalho político, fotógrafo enfatiza a Capital há mais de 30 anos
Um dos maiores nomes da fotografia de Campo Grande, Rachid Waqued, 68 anos, está há quase 30 anos no trabalho político, mas seu trajeto na profissão começou quando ainda cursava Engenharia Civil, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em clubes de fotografia na Capital.
“Meu pai pegou uma câmera velha como pagamento de uma dívida, e então eu comecei a usar. Nessa época tinham muitos clubes de fotografia aqui em Campo Grande e então eu entrei em um deles. Acontece que os equipamentos dos integrantes eram os de última geração; só para você ter ideia eles tinham o que grandes jornais não tinham na época.”
Para poder participar dos concursos de fotografia da época, Rachid fez uma adaptação da câmera velha do pai a fim de conseguir fazer as fotos com qualidade, já que os equipamentos dos concorrentes eram muito superiores ao dele, o que não foi um problema.
“Eu comecei a fazer macrofotografia. Tirei a lente fixa da câmera, que na época era parafusada, fiz uns ajustes com canos, para melhorar a aproximação dos objetos, e assim eu consegui vencer muitos concursos. Todos achavam que eu tinha um superequipamento, mas eu só tinha a câmera velha do meu pai”, relembra o fotógrafo com um tom divertido.
Rachid se formou em 1979 em Engenharia, e começou a trabalhar na área, mas sem largar a fotografia, e com o primeiro salário comprou sua primeira máquina fotográfica. “Eu fui convidado a trabalhar em um escritório de engenharia, mas só ganharia o salário depois de uns meses, eu aceitei porque morava na casa dos meus pais, então não precisava do dinheiro. Quando recebi todo o salário eu peguei um ônibus na sexta à noite para Ponta Porã e comprei minha primeira máquina fotográfica”, conta emocionado.
Rachid começou a trabalhar profissionalmente com fotografia publicitária. As agências de publicidade estavam em ascensão nos anos 80 e o engenheiro procurou por cursos para aperfeiçoar as técnicas de revelação de fotos, construiu laboratório e estúdio, e ficou por dez anos na área.
“Começaram a aparecer as agências que tinham estoques de fotos, como banco de imagens, e vendiam por preço muito abaixo do valor até mesmo de produção. Assim precisei encontrar outra área, pesquisei e encontrei a assessoria.”
Foi aí que Rachid começou a trabalhar com o ex-governador de Mato Grosso do Sul André Puccinelli, no início da carreira política, quando se tornou pré-candidato à Prefeitura de Campo Grande, e trabalham juntos desde então, há quase 30 anos. “Foram 11 trabalhos políticos que eu fiz, em todo o Estado. As campanhas eram completamente analógicas, quando íamos para o interior as notícias tinham o delay de um dia, se fizéssemos algo na segunda, só ia sair na quarta-feira.”
O fotógrafo também foi o primeiro a trazer uma câmera digital para Campo Grande. Ele fez a encomenda de uma Canon a um amigo que estava no Japão. Segundo ele, na época, o preço era o equivalente a um carro popular, mas mesmo assim fez o investimento e conseguiu ser mais ágil durante as pautas que fazia no interior do Estado.
Waqued está em livros e documentários, com os registros fotográficos que fez durante os anos. Ele estuda os fotógrafos do início do último século, e gosta da história de Campo Grande e das cidades do interior do Estado. Em razão disso, criou um canal no YouTube e vai lançar uma série de vídeos em que conta a história de fotógrafos importantes para a Capital. Rachid é formado em Engenharia Civil, História, Artes Visuais e pós-graduado em Marketing. Foi professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e também da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco).
Carrega na memória a transformação da fotografia e mantém um acervo imenso de fotos, que chega a 2.000 envelopes de negativos fotográficos, sendo 400 apenas de Campo Grande.
No acervo pessoal possui cerca de 400 equipamentos de fotografia, entre câmeras, lentes e flashes. Alguns estão expostos em um cenário, dentro de casa, que preparou exclusivamente para seu canal no YouTube.
“Eu sempre registro Campo Grande, mesmo que não tenha nenhum trabalho, ninguém tenha pedido. Eu registro a história.” Acesse também: Campo Grande 122 anos; competições amadoras se modernizam para o futuro
(Texto: Beatriz Magalhães)