PT se reunirá na próxima semana para discutir entrega de cargos em saída da base de Riedel

Foto: arquivo
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Veiculação à direita e apoio a Bolsonaro são os motivos para petistas deixarem os cargos do governo

A aliança entre o PT e Eduardo Riedel (PSDB), firmada no segundo turno das eleições de 2022 como um gesto de compromisso institucional e defesa da democracia, caminha para um fim anunciado. A decisão do Partido dos Trabalhadores de entregar os cargos que ocupa na atual gestão do governador Eduardo Riedel já vinha sendo amadurecida há meses, diante do distanciamento ideológico e da sinalização cada vez mais clara de que o tucano deve migrar para o PP, enquanto o ex-governador Reinaldo Azambuja se aproxima do PL. Uma reunião foi marcada para a próxima segunda-feira (11), com os parlamentares estaduais e federais e lideranças regionais.

Segundo o presidente do PT em Mato Grosso do Sul, deputado federal Vander Loubet, a aliança se baseava na expectativa de que Riedel representasse uma centro-direita democrática. “Fizemos um acordo publicamente assumido no segundo turno de 2022 por considerá-lo parte de uma centro-direita arejada, sensata, democrática. Entramos no governo pela porta da frente, e saímos por ela quando percebemos que os rumos se tornaram incompatíveis”, afirmou.

A movimentação do governador em defesa de pautas bolsonaristas, como a crítica à prisão domiciliar de Jair Bolsonaro e ataques ao STF, torna difícil a manutenção do acordo. “Com essas manifestações, ficou claro que é hora do PT desembarcar. Nossos projetos são incompatíveis”, declarou o deputado estadual Pedro Kemp, presidente do diretório municipal do PT em Campo Grande.

Ainda na Assembleia a iniciativa já tem maioria, apoiado também por Gleice Jane. “Minha posição pessoal é que a gente deveria sair imediatamente [do governo] e fazer um trabalho muito mais vinculado com o povo, com a população, que é um trabalho que a gente não vê o governo fazendo”, afirmou. Segundo Gleice, o partido passou recentemente por um processo de eleição interna e aguarda a posse do novo presidente estadual, prevista para o início do próximo mês, para então avançar nos debates sobre a permanência ou não na base governista.

A saída pode ser oficializada após reunião marcada para a próxima segunda-feira (11). Ao todo, o partido ocupa cerca de 25 cargos de chefia na gestão estadual, incluindo funções na Secretaria-Executiva de Agricultura Familiar da SEMADESC, a presidência e Direção-Executiva da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) e a Fundação de Cultura.

Apesar do desembarque, o PT avalia que sua participação no governo foi positiva, especialmente na condução de políticas para a agricultura familiar. Agora, o foco passa a ser a construção de uma nova frente democrática para 2026.

Pré-candidato ao Senado, Vander Loubet já articula com lideranças como Zeca do PT, Pedro Kemp, Fábio Trad e o vereador Marquinhos Trad (PDT). A ideia é ampliar a federação formada por PT, PCdoB e PV, abrindo espaço para o diálogo com PDT, PSB, MDB e outras legendas que se opõem ao avanço da extrema-direita no Estado.

Por Carol Chaves

 

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