As três principais candidatas do PSL suspeitas de serem laranjas em Pernambuco negaram em depoimentos à Polícia Federal terem participado de irregularidades, afirmaram que as gráficas que aparecem nas prestações de contas realizaram os trabalhos encomendados e disseram que o material eleitoral feito para elas com dinheiro público ajudou a impulsionar a candidatura do presidente Jair Bolsonaro, também do PSL.
Um ex-dirigente do PSL de Pernambuco tido como interlocutor entre o partido na esfera estadual e a campanha nacional de Bolsonaro disse em depoimento que, quando havia necessidade de produção de material de campanha, seja para Bolsonaro, seja para candidatos a deputados, fazia o pedido diretamente a assessores de Luciano Bivar, deputado federal e presidente do PSL.
As três candidatas são investigadas por terem recebido R$ 781,6 mil em dinheiro público do PSL apesar de não haver sinais de que tenham feito campanha efetiva, caso revelado pela Folha em fevereiro.
A maior parte desse dinheiro foi para uma mesma gráfica, a Itapissu. Em fevereiro, a reportagem visitou endereços informados à Receita Federal e à prefeitura e não encontrou sinais de funcionamento.
Uma das suspeitas é a de que a verba destinada para cumprimento da cota mínima exigida por lei para candidaturas femininas (30%) tenha sido desviada para outros candidatos.
A investigação ainda está em andamento e tenta descobrir quem foram os beneficiados pelo dinheiro. A PF e o Ministério Público também apuram se de fato todo o dinheiro foi para pagar material ou se houve algum desvio.
Bolsonaro sempre afirmou que venceu as eleições em 2018 com a campanha mais barata da história e sem usar dinheiro público.
Candidata a deputada federal, Maria de Lourdes Paixão foi a que mais recebeu verba das três –R$ 400 mil. Ela, que trabalha há quase 30 anos com Bivar, obteve apenas 274 votos.
As outras investigadas são Érika Siqueira, assessora de imprensa ligada a Bivar, que recebeu R$ 250 mil na sua candidatura a deputada estadual, tendo obtido 1.315 votos, e Mariana Nunes, destinatária de R$ 131,5 mil, com 1.741 votos para deputada estadual.
“Era estratégia do partido a distribuição de material de campanha dos candidatos proporcionais que contivessem a imagem do candidato a presidente”, disse Lourdes Paixão em seu depoimento.
“Por dia, aproximadamente um contêiner de material gráfico chegava e saía do comitê, para ser distribuído em todo o estado, pois todos os candidatos do partido produziram material para Jair Bolsonaro”, afirmou Mariana Nunes. “Seu material estava sempre atrelado aos candidatos Luciano Bivar e Jair Bolsonaro”, consta da transcrição da PF do depoimento de Érika Siqueira. (Folha de S. Paulo)